PAISAGENS GEOMORFOLÓGICAS EM GRANITOS
O
granito é uma rocha intrusiva ácida e de coloração clara. E´, em geral,
resistente e sofre desagregação mecânica nos ambientes secos. Inúmeras
paisagens geomorfológicas verificadas no território brasileiro desenvolveram-se
sobre terrenos granitos. Esse fato é particularmente freqüente no Nordeste do Brasil. Nessa região, a
presença de maciços residuais , inselbergues , pães-de-açúcar e matacões
normalmente está associada aos granitos.
Para a compreensão das
influências dos granitos sobre a definição de certas formas de relevo com eles
relacionadas, faz-se necessária uma apreciação de algumas propriedades físicas
que esses corpos litológicos possuem.
Propriedades
Físicas dos Granitos
Dentre as principais
propriedades físicas do granito, podem ser apontadas as seguintes:
-
possuem grande resistência a esforços tectônicos de
caráter compressivo;
-
apresentam permeabilidade e porosidade baixas,
especialmente quando se encontram sob a forma inalterada;
-
quando acham-se fraturados ou falhados ,
deixam-se, com facilidade, atravessar
pela água;
-
têm dureza variável, de acordo com a composição,
sobretudo no que se refere à proporção de feldspato.
Em rochas denominadas
plásticas, os esforços de caráter tectônico tendem a provocar deformações rochosas, produzindo, assim,
dobramentos. As rochas graníticas, ao contrário das sedimentares, opõem grande
resistência a esses esforços tectônicos. Logo, os granitos partem-se quando intensamente
comprimidos, surgindo, assim, fraturas e falhas.
A permeabilidade e a
porosidade baixas que os granitos apresentam, especialmente quando inalterados,
facilitam o escoamento das águas das chuvas, em particular nas áreas de baixas
latitudes. Esse fato terá como resposta geomorfológica a ocorrência de relevos
ondulados, colinosos e o estabelecimento de uma padrão de drenagem dendrítico.
A presença de fraturas nas
rochas graníticas assume um papel relevante na elaboração de paisagens
graníticas, sobretudo porque guiam os processos de meteorização química. A
orientação de certos vales, em paisagens graníticas, pode muitas vezes ser uma
decorrência da rede de fraturas.
Diversos alvéolos , ou seja , depressões semi-fechadas encontradas no
domínio do “mar” de morros , em terrenos graníticos, são controlados pela
ocorrência de falhas e/ou fraturas( fig. 8
).
A rede de fraturas pode ser de
dois tipos: ortogonal e não-ortogonal. Essas fraturas vão, em primeiro lugar,
facilitar a penetração das águas, propiciando a meteorização em sub-superfície
dos blocos graníticos. Em segundo lugar,
a forma assumida pelos blocos individualizados referidos será uma função do
tipo de rede de fraturas.
A rede de fraturas, a
composição químico-mineralógica , os aspectos texturais e a permeabilidade
são fatores presentes nos granitos que
podem facilitar a alteração diferencial
dessas rochas.
Os granitos que possuem mais
resistência ao intemperismo são aqueles pobres em minerais máficos ( minerais
de cor escura) e plagioclásicos cálcicos e intermediários e ricos em feldspatos
alcalinos e quartzo.
A presença de plagioclásio
é um fator de maior suscetibilidade à meteorização, pois este mineral sofre
desagregação desde o começo da intemperização da rocha .
A ocorrência de biotita, em
proporções elevadas , no granito, transforma-o num fator de fraqueza diante dos
processos erosivos. Em decorrência da sua própria estrutura, a biotita, quando
hidratada, sofre uma expansão de volume, colaborando, assim, para a ruptura da
rocha.
Os aspectos relacionados a textura das rochas graníticas aqui
considerados são o arranjo dos minerais, a forma dos minerais, o tamanho e a
dimensão do grão.
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