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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

ANÁLISE DE TEXTO GEOMORFOLÓGICO



 ANÁLISE DE TEXTO

A ESCULTURA DA TERRA
        Aziz Nacib Ab'Sáber


Todas as ações naturais capazes de corroer e desgastar a superfície da Terra recebem o nome genérico de erosão. Por muito tempo, os processos erosivos foram entendidos, por geógrafos e geólogos, como sendo um tipo de desgaste lento, feito sobretudo pelas águas correntes. Mais tarde, estendeu-se o nome de desgaste lento, feito sobretudo pelas águas correntes.  Mais tarde, estendeu-se o nome aos mais diferentes processos de desgaste, associados ao imediato transporte das partículas erodidas. Passou-se a identificar erosão fluvial, erosão eólica ( feita pelos ventos), a erosão glacial (relacionada com as geleiras) e erosão química (dissolução das rochas) e assim por diante. Apenas para o trabalho de desgaste feito pelas ondas reservou-se um nome especial, ou seja, abrasão.
A ação prévia da erosão feita nas áreas- fontes de fornecimento das partículas recebeu o nome de intemperismo. Desta forma, o intemperismo seria uma prévia ou um prefácio da erosão. Ele decompõe ou desintegra as rochas, preparando-as para a intervenção dos outros processos erosivos, sejam eles relacionados com as águas correntes, o vento ou as geleiras. Ficou assentado, a partir daí, que os processos ditos elementares de erosão preparam a rocha e os solos para serem transportados pelos agentes de erosão propriamente ditos. E mais, que os agentes de erosão se encarregam do transporte das partículas para outras áreas, próximas ou distantes.
Baseado em tudo isso, foi fácil estabelecer que existem feições predominantemente erosivas e feições predominantemente deposicionais na superfície da Terra. Alguns autores, a partir do começo do presente século ( século XX), passaram a falar de formas de erosão, formas residuais e formas deposicionais.  Uma escarpa elaborada pela erosão é uma feição erosiva. Os pequenos morros salientes, localizados à frente da escarpa,  são considerados  feições residuais.  Por sua vez, os depósitos situados mais à frente, como saldo dos processos erosivos, são feições deposicionais.  Isto está coreto até certo ponto, pois os processos erosivos agem sempre através de combinações complexas, e não de modo isolado e esquemático, como muitos imaginaram.
Atualmente, todos os especialistas concordam que a superfície da Terra não foi esculpida apenas por simples e isolados processos de erosão. Entretanto, numerosos livros didáticos continuam a enumerar os tipos isolados de erosão, responsabilizando este ou aquele processo erosivo por todas as feições do relevo terrestre. Na realidade, temos que corrigir de imediato tal distorção, incluindo pelo menos algumas idéias básicas:
1-        os fatores responsáveis pela elaboração das formas de relevo são sempre combinações regionais de processos, dependentes das condições climáticas ( e hidroclimáticas) de cada área.

2-o relevo atual é sempre uma herança de prolongados processos combinados de erosão , que variaram muitas vezes no decorrer do tempo.

3-a explicação das feições erosivas, feições residuais e feições deposicionais é mais complexa do que se imaginava até há poucos anos.
            Paralelamente à introdução do termo erosão, para explicar fatos referentes ao relevo terrestre, surgiu no século XIX um outro termo que merece comentários  especiais. Referimo-nos à palavra desnudação ou denudação.  Trata-se de um termo mais significativo do que erosão. Embora dizendo respeito a longos processos erosivos, o vocábulo desnudação tem um significado próprio. Ele indica remoção  maciça de rochas que estiveram recobrindo ou envolvendo qualquer parte da crosta terrestre.
            A palavra desnudação perdurou por muito tempo na terminologia das ciências da Terra porque tinha força para dar a idéia de remoção generalizada de massas de solos e rochas de uma porção determinada da estrutura geológica de uma região qualquer. Os exemplos de situações em que se pode deduzir a incidência de longos processos denudacionais são numerosos:
            -existem áreas em que as rochas intrusivas estão expostas à superfície. Sabendo-se que tais rochas se originaram em bolsões a 5000 ou 10000 metros de profundidade ( tal como acontece com os granitos), deduz-se que foi a denudação prolongada que efetuou a remoção das massas rochosas ditas encaixantes , expondo as rochas de origem profunda. Deduz-se, também, que houve processos de levantamento regional, por forças internas, que estimularam naturalmente a atuação dos processos denudacionais. Não sabemos muito sobre os processos erosivos específicos que determinaram a desnudação;
            -existem, em numerosas situações, grandes lentes ou massas de rochas duras que permanecem envolvidas por rochas tenras e que, durante fases de soerguimento regional, sofrem a ação de uma desnudação, através da qual as massas duras permanecem cada vez mais salientes, formando picos ou maciços, e as rochas tenras são rebaixadas. Tal tipo de desnudação, relacionada com o caráter diferencial dos processos erosivos, recebeu  nomes específicos como circundesnudação e, às vezes, circunvalação;
            existe um tipo de circundesnudação muito extenso, que se processa em torno de uma grande bacia sedimentar soerguida. Nesse sentido, todas as principais bacias sedimentares e basálticas do planalto Brasileiro estiveram sob a atuação prolongada da desnudação marginal  (e circundesnudação) no decorrer de dezenas de milhões de anos, desde os fins do Cretáceo até os fins do Terciário. Sabemos que houve uma gigantesca remoção de massas rochosas em torno das bacias sedimentares brasileiras, mas pouco sabemos sobre os processos erosivos que se fizeram atual por tão prolongado tempo de desnudação.
            Por último queremos dizer que o termo desnudação , ou desnudação subaérea,  é uma expressão cômoda para indicar longas fases de erosão e remoção de solos e rochas de uma determinada área, mas é quase totalmente incapaz de indicar processos erosivos específicos que em combinações complexas acarretaram o desgaste e o transporte das rochas removidas. E´ incapaz, também, de mostrar ou mesmo sugerir que as combinações de processos erosivos variaram muito, de tempo em tempo.
            Recentemente foi introduzida a noção mais complexa de sistema de erosão, para explicar os grandes conjuntos regionais de formas de relevo. Um sistema de erosão se traduz sempre por um conjunto de processos erosivos inter-relacionados que, em função das condições climáticas zonais e regionais, elaboram feições específicas no relevo das áreas em que atuam. São processos combinados de erosão e deposição que respondem por feições de relevo, de tipo erosivo, de tipo residual e de tipo deposicional. Cada sistema de erosão é um conjunto de forças responsável pela formação de um conjunto solidário de formas. A atuação de tais sistemas atinge parcelas expressivas das áreas continentais, variando desde centenas de milhares de quilômetros até milhões de km² , em área.
            Com base nas relações entre vegetação, os solos e as feições de relevo ocorrentes em cada área de atuação dos sistemas de erosão, também chamados sistemas morfogenéticos, foram identificados os principais domínios morfoclimáticos da face da Terra: sistema de erosão e domínio morfoclimático das regiões frias  e glaciais ( continentais e de altitude); sistema de erosão e domínio morfoclimático periglacial; sistema de erosão e domínio morfoclimático mediterrâneo, com suas nuances subtropicais; sistema de erosão e domínio morfoclimático tropical ( 1- com florestas pluviais; 2- com savanas ou cerrados); sistema de erosão e domínio morfoclimático semi-árido ( 1- frio; 2- quente); e finalmente, o sistema de erosão e o domínio morfoclimático desértico ( 1- frio, 2- quente).
            O termo de mais recente introdução em ciências que dizem respeito ao relevo terrestre é o vocábulo morfoclimático . Tal palavra pretende associar as formas ao clima ( morphos – forma). Aplica-se a qualquer grupo ou combinação de fatos capazes de participar da elaboração de feições combinadas de relevo terrestre. As forças erosivas combinadas, incluindo os próprios processos regionais de formação de solos, são chamados de processos morfoclimáticos. Em escala mundial podem-se reconhecer faixas  morfoclimáticas zonais , de grande extensão e similitude, que afetam terras pertencentes a diversos continentes . As principais áreas de atuação dos processos morfoclimáticos, em um mesmo bloco continental, podem ser chamadas de domínios morfoclimáticos.
            No caso do Brasil, a expressão domínio está sendo empregada com o sentido de uma grande região de paisagens morfológicas, em um país de dimensões efetivamente continentais. Não é, porém, uma simples preferência, pois domínio é uma palavra menos rígida do que província ou região; significa, no caso, uma grande área de predomínio de certos processos responsáveis por determinados conjuntos  de feições geomorfológicas. Trata-se, apenas,  de uma grande área de predomínio de certas feições criadoras de formas de relevo. Os atuais domínios morfoclimáticos tiveram outro arranjo e outros aspectos em um passado recente, sobretudo durante o período Quaternário ( de um a três milhões de anos atrás).
            Para se entender toda a importância dos processos morfoclimáticos, é conveniente saber que os processos de origem externa em nosso planeta têm dois tipos gerais de atuação: atuação linear e atuação areolar.   São processos lineares aqueles que relacionados com a atuação dos rios através dos talvegues dos vales. Por sua vez, são processos areolares todos os processos combinados de erosão em área, que afetam uma região em quase toda a sua extensão, quer nos interflúvios  (divisores d’água), quer nas vertentes (faixas de encostas dos vales).
            Os processos erosivos de  atuação linear, nas áreas dotadas de rios, são sempre de escavação pela erosão mecânica, efetuada pela água e seus materiais de transporte, ou de deposição pela sedimentação dos detritos em transporte, nas margens dos cursos d’água. Já os processos areolares atuam um pouco por quase toda parte do relevo, desde os interflúvios até os próprios fundos dos vales. São eles os únicos responsáveis pela escultura das terras que estão acima do nível do rio e escapou das inundações ribeirinhas. Por outro lado, eles são sempre processos combinados de formação de solos, de desenvolvimento da cobertura vegetal e de elaboração de formas de relevo.”

Este texto foi extraído, em parte, do livro: Formas do Relevo- Texto Básico. Ed. Edart, São Paulo, 1975)


                               Análise e Discussão do Texto

                                      Questões:
1-      Que relação existe entre intemperismo e erosão?
2-      Que entende por Desnudação?
3-      O que é um domínio  morfoclimático?
4-      Diferencie e exemplifique: Feições Erosivas, Feições Residuais e Feições Deposicionais de Relevo. Faça ilustrações gráficas.

5 -Explique essa frase:  -o relevo atual é sempre uma herança de prolongados processos combinados de erosão , que variaram muitas vezes no decorrer do tempo.
6-      Explique o que significa processos morfoclimáticos. Por que tais processos são importantes para a análise geomorfológica?
7-      Examine a figura a seguir.
Que processos morfoclimáticos agiram e  ainda atuam nessa paisagem geomorfológica?
8-      A fotografia a seguir  mostra uma paisagem geomorfológica que é bastante comum em certas regiões do Brasil. Explique a gênese e a evolução dessa paisagem.


FICHA DE TRABALHO DE CAMPO EM GEOMORFOLOGIA (SUGESTÃO)



FAINTVISA- PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM  ENSINO DE GEOGRAFIA

                                   DISCIPLINA- FUNDAMENTOS GEOMORFOLÓGICOS

PROF. LUCIVÂNIO JATOBÁ*

lucivaniojatoba@uol.com.br


FICHA DE TRABALHO DE CAMPO


Nome do(a) aluno(a): _____________________________________________________________________
Trabalho de campo realizado em ( Data) ____________________________
N° da parada______   Localização ___________________________________________________________

1- Em que zona fisiográfica do Estado está situada a área investigada? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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2-Qual o tipo de rocha dominante na área? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3- Há alguma evidência paleoclimática na área?  Qual (is) ?
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4- Qual o tipo de meteorização dominante na área?
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5-   evidências de influências estruturais sobre o relevo da área? Qual (is) ?

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6- A área investigada está situada em que domínio morfoclimático, segundo a classificação de Aziz Nacib Ab’Sáber?
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7- Faça uma descrição do modelado da área:

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8- Qual o tipo dominante de vertente observada na área?  Qual a explicação para esse fato?
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8- Faça um desenho correspondente ao relevo observado na parada.  Identifique nessa paisagem geomorfológica as possíveis morfoesculturas e /ou morfoestruturas existentes.









SUBSÍDIOS AO ENSINO DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DO MUNICÍPIO DE FEIRA NOVA- PE



SUBSÍDIOS AO ENSINO DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DO MUNICÍPIO DE FEIRA NOVA- PE
Lidiane Lindinalva do Nascimento[1], Lucivânio Jatobá[2]
1Aluna do Curso de Licenciatura em Geografia, UFPE, lidianen7@hotmail.com; 2 Prof. Adjunto do Depto. de Ciências Geográficas da UFPE, lucivaniojatoba@uol.com.br

Eixo temático: Climatologia.
Palavras-chave: Climatologia, clima local, ensino de Geografia, Taxonomia de Bloom

Introdução
O estudo das condições climáticas ambientais dominantes num determinado espaço geográfico constitui um fato importante no processo ensino-aprendizagem de Geografia, sobretudo nos níveis Fundamental e Médio. O clima é dos fatores naturais, aquele que desempenha uma notável influência sobre diversos outros componentes ambientais, como, por exemplo, o solo, a rede hidrográfica, a cobertura vegetal, além de exercer um papel  essencial para diversas atividades econômicas. Este trabalho apresenta uma caracterização geral dos aspectos climáticos do município de Feira Nova, situado na região Agreste do Estado de Pernambuco, entre os paralelos de 07º 57’ 03” (S) e os meridianos de 35º 23’ 21” (O).  Do ponto de vista altímétrico, o município situa-se numa faixa de altitudes compreendidas entre 154m. A distância que separa a sede municipal até a capital pernambucana é de 77km. O objetivo geral da pesquisa consiste em realizar um estudo das condições climáticas do município. Como objetivos específicos, foram estabelecidos os seguintes: a) caracterizar o regime de chuvas; b) correlacionar os regimes pluviométricos com a circulação atmosférica regional; c) identificar e caracterizar , segundo a classificação de W. Koppen, o tipo climático dominante na área investigada; d) propor estratégias de ensino que possam facilitar o processo ensino-aprendizagem do tema em pauta.

Material e métodos
Para a realização da pesquisa, foi feita, inicialmente, uma ampla pesquisa de caráter bibliográfico sobre temas contemplados na análise. Assim, foram analisadas as contribuições de geógrafos pernambucanos, tais como Gilberto Osório de Andrade, Rachel Caldas Lins, Lucivânio Jatobá à climatologia do Nordeste brasileiro, além de artigos, escritos em épocas diversas do século XX e do atual, sobre os complexos mecanismos da circulação atmosférica que  agem sobre a Região Nordeste do Brasil e que, direta ou indiretamente, interferem nas condições climáticas do município de Feira Nova.  Entre os sistemas atmosféricos atuantes sobre a área investigada, destacam-se a Frente Polar Atlântica, as Ondas de Leste, a Zona de Convergência Intertropical e a massa de ar Tépida Kalahariana. As informações sobre as variáveis atmosféricas foram obtidas no site da Agência Pernambucana de Águas e Clima- APAC.   Para a visualização desses sistemas referidos, empregaram-se imagens de satélites meteorológicos no canal infravermelho, fornecidas pelo INMET e INPE, disponíveis na internet. A análise climática foi realizada empregando-se os princípios clássicos adotados pela Climatologia Geográfica Dinâmica, sobretudo aqueles que analisam dialeticamente as relações entre fatores de natureza estática e de natureza dinâmica e elementos climáticos, particularmente as chuvas.   No tocante à questão metodológica do ensino de Geografia da localidade, utilizou-se a Taxonomia dos Objetivos Educacionais, ou seja, a Taxonomia de Bloom. 

Resultados e Discussão
A análise das variáveis climáticas temperatura e umidade permite definir o clima de Feira Nova como uma faixa complexa de transição, tomando-se como referência a Classificação de W. Koppen, entre os tipos As’ e BShs’.  Esse grau de complexidade comum a faixas de transição climática pode ser visto materializado entre diversos componentes do quadro natural, sobretudo as formações pedológicas e a cobertura vegetal primitiva, observadas nas paisagens.
Os períodos de estiagem mais rigorosa, verificada no município, ocorrem nos meses de outubro, novembro e dezembro, sendo geralmente novembro o mês mais seco. Essa época corresponde ao período de ação mais intensa de um sistema atmosférico denominado, por Gilberto Osório de Andrade e Rachel Caldas Lins, de massa de ar Tépida Kalahariana. Trata-se de uma massa de ar que se origina na parte oriental do Anticiclone Semi-fixo do Atlântico Sul, sobre as águas frias da Corrente  de Benguela e em cima dos desertos da Namíbia e do Kalahari. E´ um ar estável, que atravessa o Atlântico com essa condição física de estabilidade, e projeta sobre o Nordeste brasileiro essa condição atmosférica e consequentemente o ar seco.  O trimestre mais chuvoso engloba os meses de maio, junho e julho. Nesse período, a estabilidade da massa de ar Tépida Kalahariana é rompida a partir da interferência dos seguintes sistemas atmosféricos: a Frente Polar Atlântica, as Ondas de Leste e a Zona de Convergência Intertropical. As Ondas de Leste e a Zona de Convergência  Intertropical  são eminentemente tropicais Apenas um sistema atmosférico extratropical, por demais alterado em suas condições originais, age na área investigada. Trata-se da Frente Polar Atlântica.
Os índices pluviométricos médios anuais do município estão em torno de 800mm. Há anos mais secos, como em 1993,1998 e 1999 (442, 203 e 310 mm, respectivamente) nos quais esses valores ficam bem aquém da média referida. O baixo índice pluviométrico anual do município de Feira Nova deve-se à conjugação de dois fatores, ou seja, a atuação da massa de ar Tépida Kalahariana e a interferência do relevo. Neste último, um conjunto de cristas residuais, com altitudes entre 350 e 390m, em média, dispostas na direção geral SO-NE, entre Pombos (PE) e Serrinha (PE), interceptam os fluxos dos alísios marinhos de SE-E. Depois de ascenderem essas elevações, tais fluxos sofrem uma subsidência, em direção à calha do rio Capibaribe,  aquecendo-se. Resulta desse fato um efeito climático de áreas a sotavento, que implica numa diminuição dos valores médios de umidade relativa do ar.As terras do município de Feira Nova, mais rebaixadas, localizam-se em faixas altimétricas entre 150 e 180m.
Esses aspectos climáticos, no nível de climas locais, segundo a designação de Max Sorre, podem muito bem ser explorados pelo professor de Geografia do Ensino Fundamental e Médio. Sugere-se a utilização,  para esse fim educativo, de imagens de satélite, dados mensais de umidade relativa do ar,  pluviometria e temperatura, assim como ilustrações com blocos diagramas esquemáticos que revelem, didaticamente, as relações entre relevo e circulação atmosférica.
Os objetivos educacionais propostos para o desenvolvimento desse tema em sala de aula seguem as orientações metodológicas estabelecidas na Taxonomia dos Objetivos Educacionais de B.S Bloom, que se mostra bastante atual, mesmo tendo sido concebida na década de 1950. Os domínios dessa taxonomia empregados no trabalho são o cognitivo e o afetivo.
Conclusões
            O desenvolvimento da pesquisa permitiu que se chegasse às seguintes conclusões:
a)    Existe uma notória carência de materiais de fundamentação teórica sobre climatologia, em nível didático, no tocante ao caso específico do município de Feira Nova (PE).
b)    No município de Feira Nova são encontradas diversas evidências morfológicas e fitogeográficas nas paisagens que permitem a correlação entre clima e aspectos do quadro natural, que podem servir para que os alunos das séries do Ensino Fundamental, em particular, possam conhecer melhor a aplicação da Geografia Física.
c)    O professor de Geografia, ao abordar em aula, temas relativos à Climatologia, pode analisar as condições climáticas locais, sempre correlacionando-as com duas ordens distintas de fatores, ou seja, os fatores estáticos e os fatores dinâmicos e os seus efeitos sobre as variáveis físicas atmosféricas.
d)    A taxonomia de Bloom poderá ser um ótimo instrumento didático e metodológico de ensino  para o desenvolvimento do tema climatologia do município de Feira Nova.