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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

SUBSÍDIOS AO ENSINO DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DO MUNICÍPIO DE FEIRA NOVA- PE



SUBSÍDIOS AO ENSINO DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DO MUNICÍPIO DE FEIRA NOVA- PE
Lidiane Lindinalva do Nascimento[1], Lucivânio Jatobá[2]
1Aluna do Curso de Licenciatura em Geografia, UFPE, lidianen7@hotmail.com; 2 Prof. Adjunto do Depto. de Ciências Geográficas da UFPE, lucivaniojatoba@uol.com.br

Eixo temático: Climatologia.
Palavras-chave: Climatologia, clima local, ensino de Geografia, Taxonomia de Bloom

Introdução
O estudo das condições climáticas ambientais dominantes num determinado espaço geográfico constitui um fato importante no processo ensino-aprendizagem de Geografia, sobretudo nos níveis Fundamental e Médio. O clima é dos fatores naturais, aquele que desempenha uma notável influência sobre diversos outros componentes ambientais, como, por exemplo, o solo, a rede hidrográfica, a cobertura vegetal, além de exercer um papel  essencial para diversas atividades econômicas. Este trabalho apresenta uma caracterização geral dos aspectos climáticos do município de Feira Nova, situado na região Agreste do Estado de Pernambuco, entre os paralelos de 07º 57’ 03” (S) e os meridianos de 35º 23’ 21” (O).  Do ponto de vista altímétrico, o município situa-se numa faixa de altitudes compreendidas entre 154m. A distância que separa a sede municipal até a capital pernambucana é de 77km. O objetivo geral da pesquisa consiste em realizar um estudo das condições climáticas do município. Como objetivos específicos, foram estabelecidos os seguintes: a) caracterizar o regime de chuvas; b) correlacionar os regimes pluviométricos com a circulação atmosférica regional; c) identificar e caracterizar , segundo a classificação de W. Koppen, o tipo climático dominante na área investigada; d) propor estratégias de ensino que possam facilitar o processo ensino-aprendizagem do tema em pauta.

Material e métodos
Para a realização da pesquisa, foi feita, inicialmente, uma ampla pesquisa de caráter bibliográfico sobre temas contemplados na análise. Assim, foram analisadas as contribuições de geógrafos pernambucanos, tais como Gilberto Osório de Andrade, Rachel Caldas Lins, Lucivânio Jatobá à climatologia do Nordeste brasileiro, além de artigos, escritos em épocas diversas do século XX e do atual, sobre os complexos mecanismos da circulação atmosférica que  agem sobre a Região Nordeste do Brasil e que, direta ou indiretamente, interferem nas condições climáticas do município de Feira Nova.  Entre os sistemas atmosféricos atuantes sobre a área investigada, destacam-se a Frente Polar Atlântica, as Ondas de Leste, a Zona de Convergência Intertropical e a massa de ar Tépida Kalahariana. As informações sobre as variáveis atmosféricas foram obtidas no site da Agência Pernambucana de Águas e Clima- APAC.   Para a visualização desses sistemas referidos, empregaram-se imagens de satélites meteorológicos no canal infravermelho, fornecidas pelo INMET e INPE, disponíveis na internet. A análise climática foi realizada empregando-se os princípios clássicos adotados pela Climatologia Geográfica Dinâmica, sobretudo aqueles que analisam dialeticamente as relações entre fatores de natureza estática e de natureza dinâmica e elementos climáticos, particularmente as chuvas.   No tocante à questão metodológica do ensino de Geografia da localidade, utilizou-se a Taxonomia dos Objetivos Educacionais, ou seja, a Taxonomia de Bloom. 

Resultados e Discussão
A análise das variáveis climáticas temperatura e umidade permite definir o clima de Feira Nova como uma faixa complexa de transição, tomando-se como referência a Classificação de W. Koppen, entre os tipos As’ e BShs’.  Esse grau de complexidade comum a faixas de transição climática pode ser visto materializado entre diversos componentes do quadro natural, sobretudo as formações pedológicas e a cobertura vegetal primitiva, observadas nas paisagens.
Os períodos de estiagem mais rigorosa, verificada no município, ocorrem nos meses de outubro, novembro e dezembro, sendo geralmente novembro o mês mais seco. Essa época corresponde ao período de ação mais intensa de um sistema atmosférico denominado, por Gilberto Osório de Andrade e Rachel Caldas Lins, de massa de ar Tépida Kalahariana. Trata-se de uma massa de ar que se origina na parte oriental do Anticiclone Semi-fixo do Atlântico Sul, sobre as águas frias da Corrente  de Benguela e em cima dos desertos da Namíbia e do Kalahari. E´ um ar estável, que atravessa o Atlântico com essa condição física de estabilidade, e projeta sobre o Nordeste brasileiro essa condição atmosférica e consequentemente o ar seco.  O trimestre mais chuvoso engloba os meses de maio, junho e julho. Nesse período, a estabilidade da massa de ar Tépida Kalahariana é rompida a partir da interferência dos seguintes sistemas atmosféricos: a Frente Polar Atlântica, as Ondas de Leste e a Zona de Convergência Intertropical. As Ondas de Leste e a Zona de Convergência  Intertropical  são eminentemente tropicais Apenas um sistema atmosférico extratropical, por demais alterado em suas condições originais, age na área investigada. Trata-se da Frente Polar Atlântica.
Os índices pluviométricos médios anuais do município estão em torno de 800mm. Há anos mais secos, como em 1993,1998 e 1999 (442, 203 e 310 mm, respectivamente) nos quais esses valores ficam bem aquém da média referida. O baixo índice pluviométrico anual do município de Feira Nova deve-se à conjugação de dois fatores, ou seja, a atuação da massa de ar Tépida Kalahariana e a interferência do relevo. Neste último, um conjunto de cristas residuais, com altitudes entre 350 e 390m, em média, dispostas na direção geral SO-NE, entre Pombos (PE) e Serrinha (PE), interceptam os fluxos dos alísios marinhos de SE-E. Depois de ascenderem essas elevações, tais fluxos sofrem uma subsidência, em direção à calha do rio Capibaribe,  aquecendo-se. Resulta desse fato um efeito climático de áreas a sotavento, que implica numa diminuição dos valores médios de umidade relativa do ar.As terras do município de Feira Nova, mais rebaixadas, localizam-se em faixas altimétricas entre 150 e 180m.
Esses aspectos climáticos, no nível de climas locais, segundo a designação de Max Sorre, podem muito bem ser explorados pelo professor de Geografia do Ensino Fundamental e Médio. Sugere-se a utilização,  para esse fim educativo, de imagens de satélite, dados mensais de umidade relativa do ar,  pluviometria e temperatura, assim como ilustrações com blocos diagramas esquemáticos que revelem, didaticamente, as relações entre relevo e circulação atmosférica.
Os objetivos educacionais propostos para o desenvolvimento desse tema em sala de aula seguem as orientações metodológicas estabelecidas na Taxonomia dos Objetivos Educacionais de B.S Bloom, que se mostra bastante atual, mesmo tendo sido concebida na década de 1950. Os domínios dessa taxonomia empregados no trabalho são o cognitivo e o afetivo.
Conclusões
            O desenvolvimento da pesquisa permitiu que se chegasse às seguintes conclusões:
a)    Existe uma notória carência de materiais de fundamentação teórica sobre climatologia, em nível didático, no tocante ao caso específico do município de Feira Nova (PE).
b)    No município de Feira Nova são encontradas diversas evidências morfológicas e fitogeográficas nas paisagens que permitem a correlação entre clima e aspectos do quadro natural, que podem servir para que os alunos das séries do Ensino Fundamental, em particular, possam conhecer melhor a aplicação da Geografia Física.
c)    O professor de Geografia, ao abordar em aula, temas relativos à Climatologia, pode analisar as condições climáticas locais, sempre correlacionando-as com duas ordens distintas de fatores, ou seja, os fatores estáticos e os fatores dinâmicos e os seus efeitos sobre as variáveis físicas atmosféricas.
d)    A taxonomia de Bloom poderá ser um ótimo instrumento didático e metodológico de ensino  para o desenvolvimento do tema climatologia do município de Feira Nova.




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