SUBSÍDIOS AO ENSINO DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DO MUNICÍPIO
DE FEIRA NOVA- PE
1Aluna do Curso de
Licenciatura em Geografia, UFPE, lidianen7@hotmail.com; 2 Prof.
Adjunto do Depto. de Ciências Geográficas da UFPE, lucivaniojatoba@uol.com.br
Eixo temático: Climatologia.
Palavras-chave: Climatologia, clima local, ensino de
Geografia, Taxonomia de Bloom
Introdução
O estudo das condições climáticas ambientais dominantes num determinado
espaço geográfico constitui um fato importante no processo ensino-aprendizagem
de Geografia, sobretudo nos níveis Fundamental e Médio. O clima é dos fatores
naturais, aquele que desempenha uma notável influência sobre diversos outros
componentes ambientais, como, por exemplo, o solo, a rede hidrográfica, a
cobertura vegetal, além de exercer um papel
essencial para diversas atividades econômicas. Este trabalho apresenta
uma caracterização geral dos aspectos climáticos do município de Feira Nova,
situado na região Agreste do Estado de Pernambuco, entre os paralelos de 07º
57’ 03” (S) e os meridianos de 35º 23’ 21” (O).
Do ponto de vista altímétrico, o município situa-se numa faixa de
altitudes compreendidas entre 154m. A distância que separa a sede municipal até
a capital pernambucana é de 77km. O objetivo geral da pesquisa consiste em
realizar um estudo das condições climáticas do município. Como objetivos
específicos, foram estabelecidos os seguintes: a) caracterizar o regime de
chuvas; b) correlacionar os regimes pluviométricos com a circulação atmosférica
regional; c) identificar e caracterizar , segundo a classificação de W. Koppen,
o tipo climático dominante na área investigada; d) propor estratégias de ensino
que possam facilitar o processo ensino-aprendizagem do tema em pauta.
Material e métodos
Para a realização da pesquisa, foi feita, inicialmente, uma ampla
pesquisa de caráter bibliográfico sobre temas contemplados na análise. Assim,
foram analisadas as contribuições de geógrafos pernambucanos, tais como
Gilberto Osório de Andrade, Rachel Caldas Lins, Lucivânio Jatobá à climatologia
do Nordeste brasileiro, além de artigos, escritos em épocas diversas do século
XX e do atual, sobre os complexos mecanismos da circulação atmosférica que agem sobre a Região Nordeste do Brasil e que,
direta ou indiretamente, interferem nas condições climáticas do município de
Feira Nova. Entre os sistemas
atmosféricos atuantes sobre a área investigada, destacam-se a Frente Polar
Atlântica, as Ondas de Leste, a Zona de Convergência Intertropical e a massa de
ar Tépida Kalahariana. As informações sobre as variáveis atmosféricas foram
obtidas no site da Agência Pernambucana de Águas e Clima- APAC. Para a
visualização desses sistemas referidos, empregaram-se imagens de satélites
meteorológicos no canal infravermelho, fornecidas pelo INMET e INPE,
disponíveis na internet. A análise climática foi realizada empregando-se os
princípios clássicos adotados pela Climatologia Geográfica Dinâmica, sobretudo
aqueles que analisam dialeticamente as relações entre fatores de natureza estática
e de natureza dinâmica e elementos climáticos, particularmente as chuvas. No
tocante à questão metodológica do ensino de Geografia da localidade,
utilizou-se a Taxonomia dos Objetivos Educacionais, ou seja, a Taxonomia de Bloom.
Resultados e Discussão
A análise das variáveis climáticas temperatura e umidade permite definir
o clima de Feira Nova como uma faixa complexa de transição, tomando-se como
referência a Classificação de W. Koppen, entre os tipos As’ e BShs’. Esse grau de complexidade comum a faixas de
transição climática pode ser visto materializado entre diversos componentes do
quadro natural, sobretudo as formações pedológicas e a cobertura vegetal
primitiva, observadas nas paisagens.
Os períodos de estiagem mais rigorosa, verificada no município, ocorrem
nos meses de outubro, novembro e dezembro, sendo geralmente novembro o mês mais
seco. Essa época corresponde ao período de ação mais intensa de um sistema
atmosférico denominado, por Gilberto Osório de Andrade e Rachel Caldas Lins, de
massa de ar Tépida Kalahariana. Trata-se de uma massa de ar que se origina na
parte oriental do Anticiclone Semi-fixo do Atlântico Sul, sobre as águas frias
da Corrente de Benguela e em cima dos
desertos da Namíbia e do Kalahari. E´ um ar estável, que atravessa o Atlântico
com essa condição física de estabilidade, e projeta sobre o Nordeste brasileiro
essa condição atmosférica e consequentemente o ar seco. O trimestre mais chuvoso engloba os meses de
maio, junho e julho. Nesse período, a estabilidade da massa de ar Tépida
Kalahariana é rompida a partir da interferência dos seguintes sistemas
atmosféricos: a Frente Polar Atlântica, as Ondas de Leste e a Zona de Convergência
Intertropical. As Ondas de Leste e a Zona de Convergência Intertropical são eminentemente tropicais Apenas um sistema
atmosférico extratropical, por demais alterado em suas condições originais, age
na área investigada. Trata-se da Frente Polar Atlântica.
Os índices pluviométricos médios anuais do município estão em torno de
800mm. Há anos mais secos, como em 1993,1998 e 1999 (442, 203 e 310 mm,
respectivamente) nos quais esses valores ficam bem aquém da média referida. O
baixo índice pluviométrico anual do município de Feira Nova deve-se à
conjugação de dois fatores, ou seja, a atuação da massa de ar Tépida Kalahariana
e a interferência do relevo. Neste último, um conjunto de cristas residuais,
com altitudes entre 350 e 390m, em média, dispostas na direção geral SO-NE,
entre Pombos (PE) e Serrinha (PE), interceptam os fluxos dos alísios marinhos
de SE-E. Depois de ascenderem essas elevações, tais fluxos sofrem uma subsidência,
em direção à calha do rio Capibaribe,
aquecendo-se. Resulta desse fato um efeito climático de áreas a
sotavento, que implica numa diminuição dos valores médios de umidade relativa
do ar.As terras do município de Feira Nova, mais rebaixadas, localizam-se em
faixas altimétricas entre 150 e 180m.
Esses aspectos climáticos, no nível de climas locais, segundo a
designação de Max Sorre, podem muito bem ser explorados pelo professor de Geografia
do Ensino Fundamental e Médio. Sugere-se a utilização, para esse fim educativo, de imagens de
satélite, dados mensais de umidade relativa do ar, pluviometria e temperatura, assim como
ilustrações com blocos diagramas esquemáticos que revelem, didaticamente, as
relações entre relevo e circulação atmosférica.
Os objetivos educacionais propostos para o desenvolvimento desse tema em
sala de aula seguem as orientações metodológicas estabelecidas na Taxonomia dos
Objetivos Educacionais de B.S Bloom, que se mostra bastante atual, mesmo tendo
sido concebida na década de 1950. Os domínios dessa taxonomia empregados no
trabalho são o cognitivo e o afetivo.
Conclusões
O desenvolvimento da
pesquisa permitiu que se chegasse às seguintes conclusões:
a) Existe uma notória carência de materiais de fundamentação teórica sobre
climatologia, em nível didático, no tocante ao caso específico do município de
Feira Nova (PE).
b) No município de Feira Nova são encontradas diversas evidências
morfológicas e fitogeográficas nas paisagens que permitem a correlação entre
clima e aspectos do quadro natural, que podem servir para que os alunos das
séries do Ensino Fundamental, em particular, possam conhecer melhor a aplicação
da Geografia Física.
c) O professor de Geografia, ao abordar em aula, temas relativos à Climatologia,
pode analisar as condições climáticas locais, sempre correlacionando-as com
duas ordens distintas de fatores, ou seja, os fatores estáticos e os fatores
dinâmicos e os seus efeitos sobre as variáveis físicas atmosféricas.
d) A taxonomia de Bloom poderá ser um ótimo instrumento didático e
metodológico de ensino para o
desenvolvimento do tema climatologia do município de Feira Nova.
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