Título do Livro: " Sensoriamento Remoto e Análise Ambiental"
Livro organizado pela dra. Josicleda Galvíncio, professora do doutorado do PRODEMA-UFPE, aborda, didaticamente e com muita propriedade, métodos e técnicas de sensoriamento remoto aplicados à análise do meio ambiente. Numerosos exemplos práticos são examinados, facilitando consideravelmente a compreensão desse complexo assunto.
Publicado pela Editora da UFPE. ( Recife, Pernambuco, Brasil)
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sexta-feira, 25 de setembro de 2015
A GEOGRAFIA FÍSICA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
A GEOGRAFIA FÍSICA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Lucivânio Jatobá[1]
A Geografia é
uma ciência cuja conceituação apresenta um certo grau de complexidade, em face
da situação epistemológica em que se encontra. Por se situar numa zona de
interseção entre as geociências e as ciências sociais, a Geografia ora é
radicalmente concebida como “ciência social”, ora como uma ciência da natureza.
Esse caráter meio híbrido tem-se transformado num certo óbice ao avanço da
educação geográfica no Brasil, com repercussões negativas sérias no processo
ensino-aprendizagem dessa importante disciplina escolar.
Durante
muitos anos, a Geografia ensinada ficava muito presa à memorização de fatos
naturais e socioeconômicos. Saber dela era possuir a capacidade incomum de
dizer altitudes dos lugares mais altos do planeta, profundidades das fossas
abissais, densidade demográfica de São Paulo, produção de petróleo do Oriente
Médio etc. Essa “Geografia” traumatizou muitas gerações de estudantes que não
possuíam uma boa memória e passou a ser conhecida como “a ciência da decoreba”. Lamentavelmente, vários professores ainda
insistem nessa Geografia superada, deixando de lado a Geografia mais ativa, de
caráter prático-utilitário.
A Geografia,
por razões fortemente didáticas, é dividida em Geografia Física
e Geografia Humana e Econômica. Na verdade, como insistem os grandes teóricos
dessa ciência, ela é uma só. Volta-se, em sua essência, à compreensão da
dialética existente entre a Natureza e a Sociedade. Essa interação precisa ser
analisada desde os anos iniciais do Ensino Fundamental, que constituem um
momento muito rico da trajetória escolar do estudante. Nesse sentido, a
formação do professor para atuar nesse nível de ensino deve contemplar a
abordagem dessa dialética, enfatizando saberes que possam ajudar a compreensão,
pelo aprendiz, da relação natureza-sociedade, a exemplo das noções de tempo e
clima. As condições climáticas ambientais são um dos mais destacados elementos
da Natureza. Exercem uma notável influência sobre as atividades humanas,
particularmente, a agricultura. Assim, é
necessário que o professor, nas dimensões conceituais de Geografia, trabalhe
exaustivamente esse tema com os seus alunos. Neste texto, de caráter didático,
voltamo-nos à abordagem de alguns aspectos relacionados ao tema Clima, que poderão ser objeto de estudo,
com o intuito de subsidiar o trabalho metodológico no ensino de Geografia nas
séries iniciais do nível fundamental.
Não serão aqui examinados apenas fatos climáticos, como algo próprio da
atmosfera terrestre, mas como fenômenos que exercem grande influência sobre a
produção do espaço geográfico, objeto de estudo da Geografia.
Os conceitos
de tempo e clima devem iniciar a abordagem dos conteúdos de climatologia nos
anos iniciais da escolaridade. Os diversos canais de televisão, no Brasil,
diariamente referem-se ao tempo, em matérias geralmente bem ilustradas com
imagens de satélite, de fácil compreensão. A criança atual vem tendo contato permanente
com essa informação geográfica fornecida pela mídia, o que não deixa de ser um
certo “privilégio” que outras gerações não tiveram. Mas, o que é mesmo tempo
meteorológico? Em que ele se diferencia de clima?
O tempo[2],
não no sentido cronológico, mas meteorologicamente falando, significa o estado
momentâneo da atmosfera sobre uma determinada região ou localidade. É algo que
se caracteriza por uma permanente mudança. O tempo pode variar de uma hora para
outra, de um dia para outro. Por exemplo, o dia pode começar com a pressão
barométrica elevada, ventos calmos e ausência de chuvas. À tarde, entretanto, a
pressão poderá cair, os ventos ficarem mais fortes e ocorrerem chuvas
abundantes. Os apresentadores de televisão falam, diariamente, de tempo, porém,
muitas vezes, cometem erros quando dizem “hoje o clima está chuvoso, mas no final de semana, na maior parte da região, o
clima estará seco!”, uma vez que quem variou foi o tempo e não o clima.
O clima é
algo mais permanente. Consiste no resultado de um certo “andamento habitual” do
tempo verificado numa região ou localidade durante mais de 30 anos. O geógrafo
Max Sorre , . em seu livro clássico
“Lês Fondements Biologiques de la Geographie Humaine ”, assim definiu clima: “o ambiente atmosférico constituído pela
série de estados da atmosfera que recobre um lugar em sua sucessão habitual”.
O clima,
levando-se em conta o fator escala, pode ser dividido em três níveis: local,
regional e zonal. O clima local é aquele observado, por exemplo no topo de uma
área serrana ou numa depressão, em espaços secos. O clima regional abrange
áreas mais amplas que as do clima local. Por exemplo, o clima semi-árido observado
no Estado da Paraíba é um clima regional. Já o clima percebido na serra úmida
dentro desse semi-arido é um exemplo de clima local. O microclima não pode ser
confundido com o clima local. Trata-se de um clima de áreas muito restritas e
nem sempre bem percebido pelo aluno. O clima verificado próximo ao solo de uma
floresta úmida diferencia-se do clima existente no topo das árvores; são
microclimas distintos, no espaço dominado pelo clima regional ou local.
As principais dimensões conceituais que devem ser tratadas nesse tema
poderiam ser assim sintetizadas:
a)
o clima exerce uma enorme influência sobre a vida dos
seres vivos e particularmente dos seres humanos;
b)
o clima pode influenciar as nossas emoções;
c)
o tempo muda de uma hora para outra, o clima não;
d)
o clima reflete as condições do ar que envolve o
planeta Terra. Entre essas condições, estão a temperatura do ar, a pressão
atmosférica, os ventos e a umidade;
e)
o clima colabora para o desenvolvimento das atividades
agrícolas ou as dificulta.
As crianças conseguem
facilmente perceber as mudanças do tempo e os seus efeitos sobre a vida das
pessoas. O uso de sombrinha, guarda-chuva e agasalhos está sempre associado a
um tempo chuvoso e/ou frio. As crianças também sentem os dissabores de um dia
em que há uma forte insolação e a temperatura do ar se eleva. Falta-lhes o
conhecimento científico dos fatores e fenômenos envolvidos nessas situações
atmosféricas adversas nas áreas em que vive. Essas mesmas crianças ainda
percebem que, numa área rural, as chuvas podem representar algo muito
importante para o plantio, especialmente numa região semi-árida. O professor
tem, assim, a oportunidade de contar com a motivação das crianças para
trabalhar objetiva e cientificamente o tema.
CASCALHEIRA FLUVIAL
Fotografia de uma cascalheira fluvial, identificada na Zona da Mata pernambucana ( Brasil). Esse depósito sedimentar é uma evidência de um paleoclima mais seco, quaternário, que aconteceu na área, atualmente úmida.
RELEVO EM ESTRUTURA DOBRADA
Fotografia que mostra, nos Estados Unidos (EUA), uma nitida morfoestrutura em terrenos dobrados. Observam-se a anticlinal e a sinclinal.
Morfoestrutura é uma forma de relevo determinada por aspectos da estrutura geológica.
domingo, 20 de setembro de 2015
FALHA INVERSA
Fonte da foto: https://www.facebook.com/Geologyistheway/photos/a.667101773342311.1073741837.665536646832157/979719372080548/?type=1&theater
sexta-feira, 18 de setembro de 2015
EROSÃO FLUVIAL EM LEITO ROCHOSO
EROSÃO FLUVIAL EM LEITO ROCHOSO: O CASO DA CACHOEIRA GRANDE
– ALTINHO – PE.
Monografia de conclusão do Curso de Licenciatura em Geografia da FABEJA, em 2012. Os rios de leito aluvial já são bem estudados há tempos, mas os estudos sobre os rios de leito rochoso são recentes, partindo da década de 1990, e ainda não estão bem difundidos nos conhecimentos geomorfológicos. A área estudada refere-se a um trecho do rio Una, de regime intermitente por causa do clima semiárido (BShs’), no município de Altinho, Estado de Pernambuco. Objetivos – conhecer e analisar os processos de intemperismo atuantes na área; reconhecer e nomear as várias formas resultantes desses processos. Metodologia – realizou-se uma vasta pesquisa bibliográfica sobre rios de leito rochoso e condições naturais atuantes na região, e visitas ao campo para levantamento fotográfico e entendimento das características locais.
Prof. Orientador: Prof. Dr. Natalicio de Melo Rodrigues
Autoria: Laudenor Pereira da Silva
Para baixar o trabalho: http://www.cbg2014.agb.org.br/resources/anais/1/1404681426_ARQUIVO_AGBRESUMOEXPANDIDO.pdf
Monografia de conclusão do Curso de Licenciatura em Geografia da FABEJA, em 2012. Os rios de leito aluvial já são bem estudados há tempos, mas os estudos sobre os rios de leito rochoso são recentes, partindo da década de 1990, e ainda não estão bem difundidos nos conhecimentos geomorfológicos. A área estudada refere-se a um trecho do rio Una, de regime intermitente por causa do clima semiárido (BShs’), no município de Altinho, Estado de Pernambuco. Objetivos – conhecer e analisar os processos de intemperismo atuantes na área; reconhecer e nomear as várias formas resultantes desses processos. Metodologia – realizou-se uma vasta pesquisa bibliográfica sobre rios de leito rochoso e condições naturais atuantes na região, e visitas ao campo para levantamento fotográfico e entendimento das características locais.
Prof. Orientador: Prof. Dr. Natalicio de Melo Rodrigues
Autoria: Laudenor Pereira da Silva
Para baixar o trabalho: http://www.cbg2014.agb.org.br/resources/anais/1/1404681426_ARQUIVO_AGBRESUMOEXPANDIDO.pdf
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
Stability and adaptability of runner peanut genotypes based on nonlinear regression and AMMI analysis
Stability and adaptability of
runner peanut genotypes based on nonlinear regression and AMMI analysis (Estabilidade
e adaptabilidade de genótipos de amendoim rasteiro baseadas em regressão não
linear e análise AMMI)
Adaptation to the
semiarid environment is not always possible for all the plant species used for
human consumption. With this problem and in search of an alternative to
offering quality food that can also be a source of income for farmers in the
semiarid region were tested some peanut materials in adverse environmental conditions.
The results point to some genotypes more adapted to this environment and are options
for semiarid production system.
Adaptação ao ambiente semiárido
nem sempre é possível para todas as espécies vegetais usadas na alimentação
humana. Diante desse problema e na busca de alternativa para ofertar alimento
de qualidade que também possa ser fonte de renda para os agricultores da região
semiárida, foram testados alguns materiais de amendoim em condições adversas.
Os resultados apontam para alguns genótipos mais adaptados a esse ambiente e
configuram alternativas para o sistema de produção do semiárido.
PRODUÇÃO E VALOR NUTRITIVO DA MANDIOCA...
Produção e valor nutritivo da
parte aérea da mandioca, maniçoba e pornunça
Some vegetables species
have better adapt than others to semiarid environment and soil. The choice of
these species, mainly for animal feed, could promote conservation of native
forests, offering good quality forage for animals, lower risk and cost to farmer
of semiarid region.
Algumas espécies vegetais
adaptam-se melhor do que outras ao ambiente e solo do semiárido. A escolha
dessas espécies, principalmente para alimentação animal, pode favorecer a
conservação das matas nativas, ofertando alimentação de boa qualidade para os
animais com menor risco e custo para o agropecuarista da região semiarida.
GEOGRAFIA AGRÁRIA
500 perguntas e 500 respostas
sobre fruticultura irrigada
The choice of best way
for land management in an area, whether for vegetables or fruit, is critical to
investment success . Some techniques are very important for many different
types of crops and well employed could increase productivity and preserve
environmental health.
A escolha da forma de manejo do
solo em uma área, seja ela para o plantio de hortaliças ou de frutas, será algo
decisivo para o sucesso do investimento. Algumas técnicas são importantes para
diversos tipos de cultivos e se bem empregadas poderão aumentar produtividade e
preservar a saúde ambiental.
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
A ESTRUTURAÇÃO SUBSUPERFICIAL DE PAISAGENS
O corte de estradas permite uma análise importantíssima da estruturação subsuperficial de paisagens continentais. A reconstituição paleoambiental é possível mediante a análise do embasamento e das formações superficiais.
Na fotografia a seguir, de um trecho da cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no Estado do Espírito Santo, Brasil, esse fato fica didaticamente exposto. E´possível ver o embasamento cristalino migmatizado, dobrado, o elúvio e o colúvio.
Na fotografia a seguir, de um trecho da cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no Estado do Espírito Santo, Brasil, esse fato fica didaticamente exposto. E´possível ver o embasamento cristalino migmatizado, dobrado, o elúvio e o colúvio.
SOBRE O GEÓGRAFO MANOEL CORREIA
O DISFARCE DA GLOBALIZAÇÃO, SEGUNDO MANOEL CORREIA
DE ANDRADE
Título do capítulo de um importante livro do IPEA. Manuel Correia foi um dos mais destacados geógrafos brasileiros.
Eis o link: https://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/livros/livro_brasildemocratico.pdf#page=100
Título do capítulo de um importante livro do IPEA. Manuel Correia foi um dos mais destacados geógrafos brasileiros.
Eis o link: https://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/livros/livro_brasildemocratico.pdf#page=100
domingo, 13 de setembro de 2015
NEOTECTÔNICA E MORFOTECTÔNICA
ESTUDOS DAS PAISAGENS- GEOMORFOLOGIA
Excelente aula do prof. Eduardo Salamuni
Para acessá-la: http://www.geologia.ufpr.br/graduacao2/neotectonica/aula3.pdf
Cultivo da Mandioca para a Região Semi-Árida
Cultivo da Mandioca
para a Região Semi-Árida
Como o principal produto da mandioca são as raízes, ela necessita de
solos profundos e friáveis (soltos), sendo ideais os solos arenosos
ou de textura média, por possibilitarem um fácil crescimento das raízes,
pela boa drenagem e pela facilidade de colheita. Os solos argilosos
devem ser evitados, pois são mais compactos, dificultando o crescimento
das raízes, apresentam maior risco de encharcamento e de apodrecimento
das raízes e dificultam a colheita, principalmente se ela coincide com
a época seca. Os terrenos de baixada, com topografia plana e sujeitos
a encharcamentos periódicos, são também inadequados para o cultivo da
mandioca, por provocarem um pequeno desenvolvimento das plantas e o
apodrecimento das raízes. É importante observar o solo em profundidade,
pois a presença de uma camada argilosa ou compactada imediatamente abaixo
da camada arável pode limitar o crescimento das raízes, além de prejudicar
a drenagem e a aeração do solo.
Para acessar o artigo completo: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mandioca/mandioca_semiarido/solos.htm
Alternativas de insumos para manejo em sistemas agrícolas de base ecológica
Considerado o maior e mais dinâmico pólo de fruticultura irrigada do Brasil, o Pólo
Petrolina, PE /Juazeiro, BA, localizado na Zona Semi-Árida do Nordeste brasileiro, no
Submédio São Francisco, é formado pelos municípios Petrolina, Lagoa Grande, Santa
Maria da Boa Vista e Orocó, em Pernambuco; Juazeiro, Sobradinho, Casa Nova e
Curaçá, na Bahia (Figura 1).
Este importante pólo tem apresentado acelerado crescimento da produção agrícola, com
aproximadamente 100.000 ha irrigados, entre projetos públicos e privados, de um
potencial de cerca de 220.000 hectares. A fruticultura irrigada é a sua principal atividade econômica, com a manga e a uva constituindo as culturas mais exploradas. Outras espécies são também exploradas com sucesso, como banana, coco, goiaba e frutas cítricas. A produção de grãos e culturas de ciclo curto é explorada para o mercado consumidor interno, a exemplo do feijão, milho, melão, cebola, melancia e abóbora, entre outras
Para acessar o artigo completo: http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPS-2009-09/14003/1/circtec40_2008alternativa_insumos.pdf
A ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR DO TEMA O DOMÍNIO MORFOCLIMÁTICO DOS "MARES DE MORROS" EM PERNAMBUCO
A ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR DO TEMA O DOMÍNIO MORFOCLIMÁTICO DOS "MARES DE MORROS" EM PERNAMBUCO
Lucivânio JATOBÁ
Professor Adjunto do DCG/UFPE. Curso de Ciências Ambientais
http://lattes.cnpq.br/5047968131675220
E-mail: luciobr2@yahoo.com.br
Alineaurea Florentino SILVA
Pesquisadora da Embrapa Semiárido
Doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente.
PRODEMA/UFPB.
http://lattes.cnpq.br/7810302436995638
E-mail: alineaurea.silva@embrapa.br ou alineaurea2012@hotmail.com
Ana Lucia Luiza GOMES
Graduanda do Curso Licenciatura em Geografia da UFPE.
http://lattes.cnpq.br/4586169575989486
E-mail: ana07luh@hotmail.com
Resumo
O Domínio dos “Mares de Morros” em Pernambuco ocupa a parte oriental do Estado e encontra-se amplamente utilizado por atividades agrícolas, desempenhando um papel de destaque na economia regional. Neste trabalho são feitas algumas considerações sobre a gênese do relevo desse domínio, a compartimentação dos solos e a identificação de geossistemas. As colinas da Zona da Mata pernambucana são entendidas como uma resposta a processos geomorfológicos que variaram no tempo e no espaço e as diferenças litológicas locais. O domínio investigado possui uma grande variedade de solos que são uma resposta às interferências climáticas, litológicas e geomorfológicas. Os solos dessas áreas possuem sua diversidade relacionada aos componentes litológicos e ao fator climático, formando, na sua maioria, Argissolos, Latossolos, Luvissolos, NeossolosQuartzarênicos e Gleissolos. O relevo estruturado pelo processo que forma o “Mar de Morros” torna-se uma vantagem quando impede problemas de drenagem e permite uma agricultura mais racional, mesmo que para isso, em alguns casos, seja necessário investimento em insumos e serviços para permitir a atividade agrícola e a produção na entressafra, mais vantajosas financeiramente.
Palavras-chave: Mamelonização. Pedologia. Colinas da Zona da Mata. Uso do solo.
Para baixar o artigo completo:
Lucivânio JATOBÁ
Professor Adjunto do DCG/UFPE. Curso de Ciências Ambientais
http://lattes.cnpq.br/5047968131675220
E-mail: luciobr2@yahoo.com.br
Alineaurea Florentino SILVA
Pesquisadora da Embrapa Semiárido
Doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente.
PRODEMA/UFPB.
http://lattes.cnpq.br/7810302436995638
E-mail: alineaurea.silva@embrapa.br ou alineaurea2012@hotmail.com
Ana Lucia Luiza GOMES
Graduanda do Curso Licenciatura em Geografia da UFPE.
http://lattes.cnpq.br/4586169575989486
E-mail: ana07luh@hotmail.com
Resumo
O Domínio dos “Mares de Morros” em Pernambuco ocupa a parte oriental do Estado e encontra-se amplamente utilizado por atividades agrícolas, desempenhando um papel de destaque na economia regional. Neste trabalho são feitas algumas considerações sobre a gênese do relevo desse domínio, a compartimentação dos solos e a identificação de geossistemas. As colinas da Zona da Mata pernambucana são entendidas como uma resposta a processos geomorfológicos que variaram no tempo e no espaço e as diferenças litológicas locais. O domínio investigado possui uma grande variedade de solos que são uma resposta às interferências climáticas, litológicas e geomorfológicas. Os solos dessas áreas possuem sua diversidade relacionada aos componentes litológicos e ao fator climático, formando, na sua maioria, Argissolos, Latossolos, Luvissolos, NeossolosQuartzarênicos e Gleissolos. O relevo estruturado pelo processo que forma o “Mar de Morros” torna-se uma vantagem quando impede problemas de drenagem e permite uma agricultura mais racional, mesmo que para isso, em alguns casos, seja necessário investimento em insumos e serviços para permitir a atividade agrícola e a produção na entressafra, mais vantajosas financeiramente.
Palavras-chave: Mamelonização. Pedologia. Colinas da Zona da Mata. Uso do solo.
Para baixar o artigo completo:
A OSCILAÇÃO SEMI-ANUAL E SUA VARIABILIDADE INTERANUAL
A OSCILAÇÃO SEMI-ANUAL E SUA
VARIABILIDADE INTERANUAL
Andréa S. Taschetto e Ilana Wainer(1)
ABSTRACT
The Semi-Annual Oscillation (SAO) in the sea level
pressure over the Southern Ocean is examined in this study, using the National
Centers for Environmental Prediction - National Center
for Atmospheric Research (NCEP/NCAR) Reanalysis Data Set. In order to
characterize its annual mean behavior as well as its interannual to decadal
variability, the methodology consists of climatology, harmonic analysis and Multi-Taper
Method (MTM) and wavelet power spectra. The results obtained here can be
considered as an update of the earlier studies of van Loon and collaborators,
since the analysis was extended for the last decade (December/2003). Harmonic
analysis applied for three different periods (1968 to 1978, 1979 to 1990 and,
1991 to 2003) shows that the SAO has weakened at mid southern latitudes since
1980. This weakening, however, occurs over the Pacific and Indian oceans, but
it cannot be seen over the Atlantic sector. The SAO variability reveals
significant energy associated with a 4 year approximately, which suggests the
influence of El Niño - Southern Oscillation. Further investigations are being
done in order to investigate the physical mechanisms responsible for the
maintenance of the SAO over the Atlantic Ocean
and its weakening over the Pacific and Indian sectors.
RESUMO
A
Oscilação Semi-Anual (SAO – Semi-Annual Oscillation) na pressão atmosférica ao
nível do mar sobre o oceano Austral é investigada nesse trabalho, usando dos
dados da Reanálise do National Centers for Environmental Prediction - National
Center for Atmospheric Research (NCEP/NCAR). Visando caracterizar seu
comportamento médio anual e examinar sua variabilidade interanual a decadal. A
metodologia consistiu de climatologia, análise harmônica e espectros de
potência de Multi-Taper Method (MTM) e de ondaleta. Os resultados desse estudo
podem ser considerados como uma atualização dos trabalhos de van Loon e
colaboradores, uma vez que a análise foi estendida para a última década (até
dezembro/2003). A análise harmônica aplicada a três diferentes períodos (1968 a
1978, 1979 a 1990 e, 1991 a 2003) mostra enfraquecimento da SAO nas médias latitudes
do Hemisfério Sul a partir de 1980, aproximadamente. Esse enfraquecimento,
contudo, ocorre sobre os oceanos Pacífico e Índico, mas não é visto no setor do Atlântico. A variabilidade da SAO
mostra energia significativa associada ao período de aproximadamente 4 anos,
sugerindo a influência do fenômeno El Nino – Oscilação Sul. Outras investigações
estão em andamento para esclarecer os mecanismos físicos responsáveis pela
manutenção da SAO no Atlântico e seu enfraquecimento no Pacífico e Índico.
INTRODUÇÃO
O
Oceano Austral é extremamente importante do ponto de vista climático, pois é
peça chave na troca de calor e massa entre as demais bacias oceânicas através
da Corrente Circumpolar Antártica. Essa conexão circumpolar única permite a
existência de uma circulação de escala global.
O
Oceano Austral é caracterizado por intensos gradientes meridionais de
temperatura devido primeiramente à distribuição de radiação solar incidente nas
latitudes mais altas. A pressão atmosférica ao nível do mar (PNM) apresenta
valores decrescentes na direção polar a partir das Altas Subtropicais de cada
oceano até atingir uma banda de baixa pressão ao redor do continente Antártico
(figuras 1 e 2). O cavado da baixa é mais intenso em março e setembro e
desloca-se para sul nessa época do ano. Em junho e dezembro o cavado
expande-se, enfraquecendo-se e posicionando-se mais ao norte (figura 1b e 1d).
Associado à intensidade intra-sazonal e ao movimento latitudinal dessa banda de
PNM mínima estão as mudanças das trajetórias e intensidade dos ciclones.
Flutuações do cavado circumpolar são, portanto, indicativos de mudanças na atividade
ciclônica, com efeito da pressão sobre extensas áreas (do pólo até 35°S) do
Hemisfério Sul. Esse comportamento sazonal da pressão é a principal componente
da variabilidade climática do oceano Austral e é denominada de Oscilação
Semi-Anual (SAO – Semi-Annual Oscillation).
A SAO
A
SAO é caracterizada pela expansão e contração da pressão atmosférica nas
latitudes médias e altas do Hemisfério Sul duas vezes ao ano (nos equinócios),
e foi um sinal dominante no ciclo anual antes de 1979. O mecanismo,
primeiramente proposto por Van Loon (1967), é gerado pela existência do
continente polar ao sul de 65°S rodeado pelo oceano nas médias latitudes, e a
conseqüente diferença do ciclo anual da temperatura (figura 3), mais visível na
média troposfera, nessas duas latitudes. Sobre o oceano próximo a 50°S o
resfriamento no outono é mais rápido que o aquecimento na primavera, enquanto o
inverso é verdadeiro para a latitude de 65°S. Essa diferença resulta num
marcado segundo harmônico do gradiente de temperatura meridional entre 50°S e
65°S que por sua vez modula os ciclos anuais da pressão e do vento.
Figura 1. Climatologia da PNM
sobre o Oceano Austral, entre as latitudes de 50ºS e 90ºS, nos meses de (a)
março, (b) junho, (c) setembro e (d) dezembro. Isóbaras variando de 2mb, entre
980mb e 1010mb, dos tons frios para os quentes, respectivamente. Baseado nos
dados da Reanálise NCEP/NCAR.
Figura 2. Climatologia da média
zonal da PNM sobre todas as longitudes. Latitudes de 45ºS a 80ºS. Isóbaras
variando de 2mb, entre 982mb e 1014mb. Baseado nos dados da Reanálise
NCEP/NCAR.
Figura 3. Climatologia da média
zonal da temperatura em 500mb nas latitudes de 50ºS (linha sólida) e de 65ºS
(linha tracejada). Unidades em graus Celsius. Baseado nos dados da Reanálise
NCEP/NCAR. Fonte: van Loon (1967).
A
curva da temperatura na latitude de 65°S é defasada em relação à de 50°S devido
aos contrastes das propriedades entre o oceano e o continente nessas latitudes.
As diferenças entre as duas curvas não param por aí: a curva climatológica da
temperatura em 65°S apresenta uma taxa de resfriamento mais lenta do que a de
50°S (figura 3). Isso, porque em algumas
regiões da Antártida o inverno não é bem definido e a temperatura nessa estação
acaba não atingindo um mínimo. No início do inverno, o cavado se move para o
norte diminuindo a PNM em 50ºS. Ao mesmo tempo a pressão aumenta sobre os três
continentes, intensificando, portanto, o gradiente de pressão longitudinal
entre os continentes e os oceanos adjacentes. Isto resulta numa amplificação da
circulação meridional, e faz com que ocorra advecção de ar quente do cavado
para as latitudes mais altas. Essa advecção meridional de larga escala de ar relativamente
mais quente para o continente antártico não somente aumenta o fornecimento de
calor convectivo, mas também reduz a saída da radiação de onda longa líquida
devido às camadas de nuvens que se estendem pelo continente adentro. Por tal
motivo a curva climatológica de temperatura acaba não tendo um mínimo definido
no inverno. Meehl (1991) apresenta uma revisão completa sobre os mecanismos
responsáveis pela SAO.
O Enfraquecimento da SAO
Antes
de 1979, a SAO explicava mais de 50% da variância anual da PNM sobre vastas
áreas oceânicas das médias e altas latitudes do Hemisfério Sul (van Loon, 1967).
Após esse período, a amplitude da SAO decresceu drasticamente, como descrito em
vários trabalhos (van Loon and Rogers, 1984; van Loon et al., 1993; Hurrel and
van Loon, 1994; Meehl et al., 1998). A partir dessa descoberta, a variabilidade
de longo termo da SAO tem sido objeto crescente de estudo. Alguns estudos
verificaram relações entre a temperatura da superfície do mar (TSM) e a
circulação atmosférica nas altas latitudes do Hemisfério Sul, tais como Zhang
et al. (1997), Garreaud
and Battisti (1999) e Mo (2000). Outros estudos
verificaram relação entre o ENOS (El Nino - Oscilação Sul) e a SAO (Meehl,
1988; Hurrel and van Loon, 1994). Meehl et al. (1998), por exemplo, atribui o
enfraquecimento da SAO à mudança no ciclo
anual da temperatura na superfície das médias latitudes. Os mecanismos
pelo qual esse aquecimento teria ocorrido ainda são incertos.
Este
estudo tem por objetivo investigar o comportamento da SAO e esclarecer alguns
aspectos de sua variabilidade e de seu enfraquecimento.
MATERIAIS E MÉTODOS
O
trabalho foi baseado nos dados mensais de PNM da Reanálise do National Centre
for Environmental Prediction (NCEP) - National Center for Atmospheric Research
(NCAR) Reanalysis (Kalnay et al., 1996). Os dados da Reanálise do NCEP/NCAR são
dispostos numa grade global de 2,5º de latitude x 2,5º de longitude. Uma
revisão mais recente desses dados pode ser encontrada em Kistler et al. (2000).
Vários
erros têm sido encontrados nos campos de PNM da Renálise do NCEP/NCAR,
particularmente nas tendências sobre o Oceano Austral e continente antártico.
Contudo, essa é exatamente a região de interesse desse estudo, uma vez que a
posição média do cavado circumpolar antártico localiza-se em aproximadamente
65ºS. Para eliminar possíveis erros e incertezas nesses dados, consideramos
sempre a média zonal da PNM sobre todas longitudes, quando se trata de analisar
uma série temporal. Em algumas análises, desconsideramos os 20 primeiros anos
da série temporal que parecem conter mais incertezas, segundo Hines et al.
(2001), devido a baixa quantidade de estações meteorológicas incorporadas à
Reanálise antes de 1968. Além disso, a tendência de longo termo foi removida
dos dados, como sugerido em Hines et al. (2001), através da subtração de uma
média móvel de 10 anos aplicada à série de PNM.
A
metodologia desse trabalho consiste em análise harmônica para examinar o ciclo
sazonal da PNM, bem como caracterizar o comportamento médio da SAO, com atenção
especial às latitudes de 50ºS e 65ºS. A análise harmônica ou análise de Fourier tem como objetivo
básico a aproximação de uma função f(t) por uma combinação linear de
componentes senoidais, cada uma com dada freqüência. O conjunto wn(t)=eint; n=0,±1,...
de funções ortogonais periódicas, de período 2p, de quadrado integrável, forma a base para
a análise de Fourier. Dada uma função periódica, de período T e de quadrado
integrável, pode-se expressar a equação como:
,
onde ln=2p/T são as freqüências de Fourier e os
coeficientes de an e bn são dados por:
, n³0
, n³1.
O harmônico de f(t) para n=1 é chamado fundamental e corresponde a uma onda
cosseno (seno) de período igual ao de f(t); para n=2 temos o primeiro harmônico, de período igual à
metade de f(t), e assim sucessivamente. A amplitude Rn e fase fn podem ser escritas, respectivamente, como e , n=0,1,2,...
Como
intuito de analisar a variabilidade interanual da SAO, as médias sazonais para
todo o registro foram removidas, definindo, assim, uma série temporal de
anomalias. Utilizou-se o SSA-MTM Toolkit (Singular Spectrum Analysis –
Multi-Taper Method) e análise de ondaleta para calcular espectros de potência.
A
técnica de MTM (Ghil, 1997) visa reduzir a variância da estimativa
espectral através da multiplicação da
série temporal por uma janela antes de aplicar a transformada de Fourier
discreta. Pequenos conjuntos de funções ortogonais (denominada “tapers”) são
usados para multiplicar a série temporal, ao invés de um único “taper”. O
resultado é um conjunto de estimativas espectrais independentes que produzem um
espectro final baseado num “ensemble” médio. Uma descrição detalhada sobre o
método pode ser encontrada em Percival and Waden (1993). A vantagem desse
método é conseguir separa oscilações periódicas determinísticas de flutuações
aperiódicas e randômicas associadas a ruído de fundo ou erros instrumentais nas
séries temporais.
A
análise de ondaleta permite decompor a série temporal de anomalias no espaço de
tempo/freqüência simultaneamente. A principal vantagem desse método é que é
possível extrair a amplitude de qualquer sinal periódico dentro da série e
mostrá-la como essa amplitude varia no tempo. Em outras palavras, esse método
pode analisar séries temporais com energia não-estacionária em muitas
freqüências diferentes. A ondaleta de Morlet foi utilizada nesse estudo
(Torrence and Compo, 1998). A ondaleta de Morlet é uma exponencial complexa
modulada por uma Gaussiana, isto é, , onde t é o tempo, s é a escala da
ondaleta, e w0
é a freqüência adimensional, considerada
6 para satisfazer a condição de admissibilidade (média zero e energia localizada
no espaço do tempo e freqüência). Para testar a significância dos picos, um
espectro de fundo de Fourier foi escolhido como descrito em Torrence and Compo
(1998).
RESULTADOS
Essa
seção é dividida em duas partes: a primeira caracteriza a SAO através da
climatologia da PNM e da análise harmônica, enquanto que a segunda investiga a
variabilidade da SAO com a análise espectral MTM e de ondaleta.
A análise harmônica
A
figura 4 mostra a média zonal da amplitude e porcentagem da variância total
explicada pelo primeiro e segundo harmônicos quando a climatologia da PNM é
decomposta nos primeiros dois harmônicos. Observa-se que a amplitude do segundo
harmônico (linha tracejada) da climatologia de PNM é maior que a do primeiro
harmônico (linha sólida) entre as latitudes aproximadas de 62ºS a 72ºS (figura
4, à esquerda). Essa região latitudinal é a única no globo (não apresentada)
onde a amplitude do segundo harmônico ultrapassa a do primeiro, o que indica a
importância da SAO. A figura 4, à direita, mostra que a porcentagem da
variância total explicada pelo segundo harmônico é maior que a do segundo entre
a banda latitudinal de 46º a 49ºS e 61ºS
a 73ºS, devido à contração/expansão e fortalecimento/enfraquecimento do cavado
cirumpolar antártico que ocorre duas vezes ao ano.
Figura 4. Variação latitudinal da
amplitude (à esquerda) e porcentagem da variância total explicada (à direita) pelos
primeiro (linha sólida) e segundo (linha tracejada) harmônicos. Eixo
horizontal: latitudes de 45ºS a 90ºS. Eixos verticais: amplitudes entre 1e 3,6mb
e 20 a 65%. Unidades em mbar e %, respectivamente.
A
figura 5a mostra a evolução latitude vs. tempo do segundo harmônico da média
zonal da PNM para cada ano. O diagrama é semelhante ao apresentado por van Loon
et al. (1993) que utilizou os dados de PNM do Australian Bureau of Meteorology,
cobrindo o período de 1974 a 1988. A diferença da figura 5a em relação ao
diagrama de van Loon et al. (1993) é que a análise é feita com a série da
Reanálise tendo início em janeiro/1968 e término em dezembro/2003, ou seja,
inclui mais 20 anos de dados e, portanto, pode ser considerada uma atualização
do trabalho de van Loon et al. (1993) nesse aspecto. A figura 5a revela
amplitudes maiores nas latitudes mais altas, alcançando 5mbar em aproximadamente
67ºS em 1975 e 1982, enquanto que em 50ºS, as amplitudes variam entre 1 e 3hPa.
Uma importante característica da figura 5a é a amplitude mínima situada entre
55ºS e 60ºS, onde há reversão de fase. Os ciclos anuais da PNM, fora de fase,
em 50ºS (figura 6a) e 65ºS (figura 6b) confirmam esse comportamento (veja linha
sólida espessa).
A
figura 5b mostra as séries temporais da amplitude e variância explicada do
segundo harmônico para as latitudes de 50ºS e 65ºS. Observa-se que, normalmente
quando a amplitude é alta, a porcentagem da variância explicada também é alta
(ultrapassando 75% da variância total), o que ressalta a importância do segundo
harmônico em relação ao primeiro (não mostrado) em muitos períodos da série
temporal nessas duas latitudes.
A
principal característica da figura 5a, contudo, é o evidente enfraquecimento do
segundo harmônico após 1980, aproximadamente, que concorda com os estudos
anteriores de van Loon et al. (1993) e Hurrel and van Loon (1994). Essa
variabilidade decadal pode ser vista nos ciclos anuais da PNM zonal média (figura
6) em 50ºS, 65ºS e da diferença entre essas latitudes, para três diferentes
períodos: 1968-1978 (linha tracejada), 1979-1990 (linha tracejada e pontilhada)
e 1991-2003 (linha sólida). Os períodos supra citados, com 10, 11 e 12,
respectivamente, foram escolhidos de acordo com o comportamento da SAO, isto é,
o primeiro período refere-se à maior intensidade da SAO, o segundo envolve o
enfraquecimento ocorrido após 1979 (segundo a literatura), e o terceiro
investiga seu comportamento na última década.
O
ciclo anual da PNM zonal, levando em consideração todo o período dos dados
(linha sólida espessa), mostra que em 50ºS (figura 6a), o primeiro máximo,
associado a 1006,6hPa, ocorre em março enquanto que o segundo máximo, associado
a 1005,8hPa, aparece em agosto. Já em 65ºS (figura 6b), o ciclo anual tem um
mínimo em março (986,9hPa) e outro em outubro (984,8hPa). Nota-se que o ciclo
anual em 65ºS não sofre enfraquecimento significativo. Segundo van Loon et al.
(1993), a diminuição do segundo harmônico é evidente nas médias latitudes, mas
não em 65ºS. A figura 6a revela que essas mudanças são realmente mais salientes
em 50ºS. Durante o primeiro período decadal (linha tracejada), o ciclo anual em
50ºS revela um forte segundo harmônico. As décadas seguintes são marcadas pela
redução da amplitude do segundo pico, que está associado ao enfraquecimento do
segundo harmônico. O ciclo da PNM nas médias latitudes, em particular, mostra
um aumento do terceiro harmônico para o período de 1979-1990 (linha tracejada e
pontilhada), devido ao aparecimento de dois máximos na segunda parte do ano, um
em agosto e outro em novembro.
A
figura 6c mostra o ciclo anual da diferença da PNM entre as latitudes de 65ºS e
50ºS. van Loon (1967) considerava a
diferença das temperaturas zonais médias a 500mb ou da PNM entre essas
latitudes como um índice associado com a intensidade do fenômeno. O
deslocamento temporal da PNM entre as médias e altas latitudes do Hemisfério
Sul resulta em proeminentes picos na diferença, que ocorrem em março e outubro
associados com 19,5hPa aproximadamente. Na década de 90, o ciclo anual revela
um pico em setembro, por causa do comportamento semelhante da PNM em 65ºS.
Figura 5. Acima: (a) Amplitude do
segundo harmônico para cada ano da PNM média zonal de 1968 a 2003. As áreas
sombreadas indicam, valores mais que 40% da variância total explicada pelo
segundo harmônico. Intervalos dos contornos de 1hPa e 10%, respectivamente.
Abaixo: Séries temporais da amplitude (linha tracejada) e porcentagem da
variância explicada (linha sólida) do segundo harmônico, extraídas de (a), para
as latitudes de 50ºS (b) e de 65ºS (c). Unidades de hPa e %, respectivamente.
Figura 6. Ciclo anual da PNM
média zonal em: (a) 50ºS, (b) 65ºS e (c) a diferença entre essas duas
latitudes; para a média sobre os períodos de 1968-1978 (linha tracejada); 1979-1990
(linha tracejada e pontilhada); e, 1991-2003 (linha sólida). A linha sólida
espessa representa a média da PNM zonal média sobre o período inteiro
(1968-2003). Unidades em hPa.
As
mudanças da SAO verificadas até o momento referem-se às séries temporais da
média zonal da PNM sobre todas as longitudes. Entretanto, quando analisada
espacialmente, a PNM revela comportamento distinto sobre as bacias oceânicas. O
enfraquecimento da SAO não ocorre homogeneamente para todas as longitudes. A
amplitude e variância explicada do segundo harmônico,dispostas na projeção
polar do Hemisfério Sul para as diferentes décadas na figura 7a, mostra que, antes
de 1979, a SAO era bastante intensa sobre as três bacias oceânicas nas médias
latitudes e em torno do continente antártico. Esse comportamento é condizente
com o diagrama exposto na figura 4. A década seguinte (figura 7b) é
caracterizada por uma redução significativa no sinal da SAO nas médias
latitudes, em especial nos setores do Pacífico e Índico, e ao redor da
Península Antártica. A diminuição do segundo harmônico ao redor da Península
Antártica, contudo, não é forte o suficiente para influenciar um
enfraquecimento da PNM na média zonal da latitude de 65ºS. Esses resultados são
consistentes com os de van Loon and Rogers (1984) e van Loon et al. (1993). A
última década (figura 7c) revela a persistência desse enfraquecimento nas
médias latitudes do Pacífico e Índico, mas não mostra mudanças no comportamento
da SAO sobre o setor do Atlântico. A figura 7, portanto, mostra que, embora a
SAO tenha enfraquecido nas médias latitudes dos oceanos Pacífico e Índico, o
mesmo não ocorre para a bacia atlântica.
Figura 7. À esquerda: Amplitude
do segundo harmônico para a média dos períodos de: (a) 1968 a 1978, (b) 1979 a
1990, (c) 1991 a 2003. As áreas sombreadas indicam valores maiores que 40% da
variância explicada. Os intervalo dos contornos são de 0,5hPa e 20%,
respectivamente. À direita: Ciclo anual da PNM em 50ºS para três regiões
oceânicas: (d) Pacífico (180ºW-225ºW); (e) Atlântico (55ºW-0ºE); e, (f) Índico
(45ºE-110ºE). Linha tracejada: 1968-1978; linha tracejada e pontilhada:
1979-1990; linha sólida: 1991-2003.
As
figuras 7e a 7f esclarecem o comportamento das figuras 7a a 7c através dos
ciclos anuais médios da PNM para cada
período, na latitude de 50ºS sobre as seguintes áreas oceânicas: Pacífico
(180ºW-225ºW, painel superior), Atlântico (55ºW-0ºE, painel do meio) e Índico
(45ºE-110ºE, painel inferior). A SAO durante o período de 1968-1978 (linha
tracejada) é bem definida sobre as três bacias oceânicas. As décadas seguintes
revelam a redução da amplitude do segundo pico, exceto sobre o oceano Atlântico
(figura 7e), onde a SAO não sofre mudanças tão intensas.
Uma
vez que grande parte da variabilidade do Pacífico e Índico estão relacionadas
com o ENOS, acredita-se que esses fenômenos de escala global possam estar
relacionados ao enfraquecimento da SAO sobre as médias latitudes desses dois
oceanos. Diferentemente desses oceanos, o Atlântico Sul parece ter um papel
fundamental na ocorrência e manutenção da SAO, uma vez que este fenômeno ainda
ocorre fortemente nas médias latitudes dessa bacia.
As análises espectrais
Com o intuito de examinar a variabilidade
da SAO, a figura 8 apresenta o espectro de MTM da série de anomalias da média
zonal da PNM em 50ºS, 65ºS, da sua diferença e da posição média zonal do cavado
circumpolar antártico. Os quatros espectros de potência apresentam pico
associado ao período de 4 anos (em torno de 0,020 ciclos/mês), todos
significativos a 95%. O pico de energia de 4 anos em 50ºS (figura 8a) ocorre
com alguns meses de defasagem em relação ao pico em 65ºS (figura 8b, em torno
de 0,021 ciclos/mês). Essa diferença de fase (aproximadamente 5 meses) entre
essas duas latitudes resulta num pronunciado pico harmônico de 4 anos na série
da diferença entre essas duas latitudes (figura 8c), ressaltando o fenômeno. Sendo
4 anos a variabilidade típica do ENOS, acredita-se a energia encontrada nos
espectros de potência possa estar associada a esse fenômeno. Acredita-se que a
defasagem de alguns meses entre as latitudes de 50ºS e 65ºS seja grande o
suficiente para descartar a hipótese de teleconexão atmosférica e para sugerir
um possível transporte de anomalias de temperatura através do oceano.
O espectro de potência da série de
anomalias da posição média zonal do cavado circumpolar antártico é apresentado
na figura 8d. A contração/expansão e fortalecimento/enfraquecimento do cavado
circumpolar antártico modulam sua posição, que possui um papel essencial em
determinar a ocorrência da SAO. A posição da média zonal do cavado é de 65,7ºS
e está representada nas figuras 7a a 7c por uma linha sólida ao redor do
continente antártico. A análise espectral da posição do cavado revela o mesmo
período de variabilidade de 4 anos. Meehl (1991) mencionou a importância do
ENSO e das Monções Asiáticas nas mudanças do cavado circumpolar. Van Loon et
al. (1993) notou uma mudança na posição do cavado de 1972 a 1988 nos dados de
estações meteorológicas da Austrália. Os autores descrevem um movimento para
norte do cavado e um movimento para sul da alta subtropical, que enfraqueceu a
onda semianual nas médias latitudes, em especial no Pacífico Sul. Uma vez que a
posição do cavado está diretamente relacionada a SAO, acredita-se que o ENOS
tenha certa influência na variabilidade da SAO.
A B
C D
Figura 8. Espectro de MTM para as
séries temporais das anomalias da média zonal da PNM em (a) 50ºS, (b) 65ºS, (c)
sua diferença, e (d) da posição média zonal do cavado circumpolar antártico. O
pico quadrado em (c) é resultado de análise harmônica. Eixo horizontal:
freqüências menores que 0,06 ciclos/mês.
A análise de ondaleta foi aplicada
com o intuito de verificar como esses sinais interanuais variam na amplitude e
freqüência ao longo da série temporal. A figura 9 apresenta os espectros de
ondaleta para as séries temporais de anomalias da PNM média zonal em 50ºS,
65ºS, sua diferença e, ainda, considerando apenas os meses de primavera
(setembro-outubro-novembro, SON) da série temporal em 50ºS. A decisão de levar
em conta apenas esses referidos três meses se deve ao fato do enfraquecimento
da SAO nas médias latitudes estar relacionado com a diminuição do segundo
máximo da PNM, que ocorre nessa estação do ano. Os contornos espessos envolvem
regiões com 95% de confiança.
O espectro de ondaleta para 50ºS
(figura 9a) mostra energias entre 1-2 anos e em 4 anos, sendo significativa de
1963 a 1969 e 1974 a 1982. A energia de 2-4 anos decresce a partir de 1982,
aproximadamente. A figura 9b mostra que a PNM em 65ºS tem alta variância de
1974 a 1982 e 1990 a 1999 associadas ao período de 4 anos. Além disso, é
possível notar energias significativas em 1-2 anos ao longo da série (figura 9b).
O espectro de ondaleta para a diferença entre essas latitudes também revela
energia significativa em 4 anos, em particular de 1960 a 1971 e 1977 a 1983,
conforme visto na figura 9c. Esses resultados encontrados nas figuras 9a a 9c
confirmam os obtidos através da análise espectral de MTM. A figura 9d mostra
que as mudanças na amplitude do segundo pico da PNM nas médias latitudes possam
estar associadas a um fenômeno global com período de 6-10 anos, conforme mostra
a saliente energia espectral significativa entre 1965 a 1992.
Figura 9. Espectro de ondaleta
das séries temporais das anomalias da média zonal da PNM em (a) 50ºS, (b) 65ºS,
(c) sua diferença, e (d) da série das anomalias da média zonal da PNM
considerando apenas os meses de SNO, quando ocorrem as mudanças sazonais da
SAO. Os contornos espessos envolvem regiões significativas a 95%.
DISCUSSÕES E CONCLUSÕES
Esse
trabalho caracteriza o comportamento climatológico da PNM no Hemisfério Sul, em
particular nas latitudes de 50ºS e 65ºS, com atenção especial ao fenômeno da
Oscilação Semi-Anual. Esse estudo também investiga a variabilidade da SAO e
ainda expande os trabalhos de van Loon and Rogers (1984), van Loon et al.
(1993) e Hurrel and van Loon (1994), entre outros, através da extensão do
comportamento da SAO sobre a última década. Para tanto, fez-se uso dos dados de
PNM da Reanálise do NCEP/NCAR.
O
enfraquecimento da SAO pode ser visto na análise harmônica da média zonal da
PNM nos últimos anos. Entretanto, essa mudança é clara sobre as médias
latitudes dos oceanos Pacífico e Índico, mas de forma alguma pode ser
considerada presente sobre o setor do Atlântico, onde a SAO ainda é forte e
presente. Diferentemente dos outros oceanos, o Atlântico Sul parece exercer um
papel fundamental na manutenção da SAO.
Os
resultados das análises espectrais, tanto com a técnica de MTM, quanto com a de
ondaleta, mostram variabilidade interanual significativa nas séries temporais
de anomalias da média zonal da PNM nas latitudes de 50ºS, 65ºS, sua diferença e
na da posição média do cavado circumpolar antártico, todas associadas ao
período de 4 anos. A série de anomalias da média zonal da PNM dos meses de SON
em 50ºS revela alta variância de 1965 a 1992 associada com o período de 6-10
anos.
Os
resultados obtidos com esse estudo indicam uma possível relação do ENOS com a
variabilidade da SAO. Uma vez que a SAO é um fenômeno de interação
oceano-atmosfera e dependente do balanço de calor oceânico, seu enfraquecimento
poderia estar relacionado a uma possível mudança na quantidade de calor
armazenada no oceano durante os eventos quentes do Pacífico, que mudaria o
ciclo anual de temperatura, alterando, conseqüentemente, o ciclo anual da PNM.
Os mecanismos responsáveis por tais relações, bem como a importância do
Atlântico Sul na existência da SAO, são objetos de estudo futuros.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho contou com o auxílio da FAPESP 00/02958-7, FAPESP 02/01211-0, CNPq 300040/94-6,
CNPQ-MMA/550363/02-5 e Inter-American Institute for Global Change Research
(IAI). Agradecemos também ao Reindert Haarsma, Harry van Loon e Gerald A. Meehl
por suas discusses e ao Tim Thoar por sua ajuda computacional. Os dados de PNM
são provenientes do NOAA-CIRES Climate Diagnostics Center, Boulder, Colorado,
USA, do site http://www.cdc.noaa.gov/.
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