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quinta-feira, 2 de junho de 2016

ALGUMAS DEFINIÇÕES BÁSICAS PARA O ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA ESTRUTURAL

ALGUMAS DEFINIÇÕES BÁSICAS PARA O ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA ESTRUTURAL

                                          Lucivânio Jatobá

Serão apresentadas, a seguir, de forma bastante sintética, algumas definições e conceitos que consideramos  necessários a uma melhor compreensão de vários assuntos que comumente são abordados na disciplina Geomorfologia Estrutural.

1-Antéclise- estrutura de plataforma, tipo arco, com configuração assimétrica, composta de rochas sedimentares estendidas a partir de um centro.

2- Sinéclise- grande estrutura negativa dos crátons. As camadas sedimentares possuem inclinações suaves para o centro da bacia. ( Sinônimo- bacia sedimentar, bacia tectônica). Na parte central das sinéclise afloram osmsedimentos mais jovens, nas margens, os mais antigos..

3- Anticlinório- “Grandes conjuntos  de estruturas anticlinais. Originam-se por dobramentos regionais.

4-Astenosfera- Camada viscosa e plástica do manto superior. Localiza-se sob os continentes a uma profundidade de  mais ou menos 100 km. É a fonte dos movimentos crustais. 

5- Arco  Insular-  Sistema montanhoso submarino cujos cumes elevam-se sobre o nível do mar, formando cadeia de ilhas em arco. Associam-se às trincheiras oceânicas.

6- Batólito-  grande corpo intrusivo com contatos bruscos e uma grande espessura. Possui uma área superior a 100 km2.  Tem composição granitoide. Aflora em decorrência de fases erosivas.

7-Cinturão Ativo-  maior elemento estrutural da tectonosfera que se estende no interior dos continentes e oceanos. Apresenta uma notável atividade tectônica. Exemplificam-no: dorsais oceânicas, sistemas orogênicos e as trincheiras submarinas.

8-Correntes de Convecção do Manto-Circulação lenta  de massas do manto da Terra.

9- Cráton- elemento básico da estrutura dos continentes. Apresenta um regime tectônico estável. Possui a seguinte estrutura: piso inferior , com rochas ígneas e metamórficas; piso superior com rochas sedimentares e vulcânicas. Nos crátons a atividade vulcânica é muito fraca. Nos crátons predominam relevos relativamente planos e montanhas erodidas. “ Todas as plataformas continentais, ou seja, crátons, surgiram no lugar dos geossinclinais de idade mais antiga.  As rochas originadas durante a pré-história geossinclinal das plataformas integram seu  embasamento dobrado ou escudo.  Como regra geral, são intensamente dobrados e mais ou menos metamorfizados; em sua composição tomam parete essencial as formações magmáticas, tanto efusivas como intrusivas; entre estas últimas são específicos os granitos. .  No caso  de predominância, no embasamento, de rochas altamente metamorfizadas- gnaisses, xistos cristalinos- o  embasamento denomina-se cristalino. Este caso é comum nas plataformas antigas. O embasamento está recoberto de massas rochosas não metamorfizadas sedimentares e em alguns trechos vulcânicas, em geral fracamente alteradas, dispostas quase que horizontalmente. “( JAIN, V.E. Geotectónica general, 1)

10- Dorsais-Conjunto de sistemas montanhosos submarinos na zona axial.  Apresentam depressões conhecidas como “rifts”.

11- Escudos- a maior estrutura positiva dos crátons. Apresentam vastos afloramentos de rochas pré-cambrianas e forte metamorfismo ,   granitização  e rochas dobradas e intensamente falhadas.

12-Fossa Tectônica - zona de afundamento tectônico, delimitada por falhas paralelas.  Essa expressão é, algumas vezes empregada como sinônimo: “graben”.

13- Litosfera- é a camada rígida externa da Terra. E´ a mais rígida do planeta. É limitada na parte inferior por uma zona de baixa velocidade, que vem sendo definida, convencionalmente, por uma superfície isotérmica de 1300- 1400°C.  A litosfera é má condutora de calor. Transmite o calor recebido pela astenosfera, através da convecção, por condução e irradiação.
A litosfera é definida pela crosta continental e pela crosta oceânica, além da parte não convectiva do manto. “A porção oceãnica da litosfera é formada da mesma maneira em todo o mundo, sendo mais homogênea, e tem sido ( e pode ser) reciclada continuamente no manto. A porção continental da litosfera resiste ao processo de subdução por sua natureza física , é altamente variável e é produto de bilhões de anos de evolução.
(...) A litosfera não é monolítica, sendo constituída por um contexto composto de vários segmentos, em natureza, espessura e constituição, sendo estes considerados grandes (>100000000km²), intermediários (10000000- 1000000km²) e pequenos ( < 1000000km²) , chamados de placas litosféricas. Entre os segmentos pequenos, além das microplacas ( segmentos que devem Ter pelo menos uma margem ativa) e microcontinentes ( balizados integralmente por margens passivas), destacam-se os chamados blocos ( algum tipo de rigicez interna) e terrenos. Estes últimos são deformados internamente durante as orogêneses e geralmente afastados da sua posição original por extensões muitas vezes superiores à sua maior dimensão ( por convenção). Esta conceituação (placas grandes, intermediárias e pequenas, microcontinentes, blocos, “terrenos”, etc) é muito controvertida ainda e longe do consensual, tendo aqui sido adotadas as designações de Condie ( 1989) e Berckemann & Hsü ( 1982). O número  da segmentação da litosfera é muito grande, e sua identificação vem sendo acrescida na proporção que se intensifica o conhecimento geológico e geofísico, sendo incorreto pensar em número pequeno e finito de placas.
No contexto das placas grandes., ocorre litosfera de natureza continental e oceânica ( às vezes apenas oceânica), nos demais segmentos geralmente um ou outro tipo de litosfera é predominante, precisando ficar claro que mesmo nos segmentos da litosfera há variações laterais de composição, estrutura e comportamento muito importantes. No caso dos segmentos cada vez menores, um só tipo de litosfera costuma ocorrer.

 ( Benjamim Bley B. Neves- Crátons e Faixas Móveis)

14- Sistema Montanhoso- série de elevações mais ou menos extensas, unidas em grupos montanhosos separados por depressões intermontanas e vales fluviais.   AB’SÁBER ( 1975)   classifica as montanhas, segundo a origem em: montanhas de dobramento,  montanhas dômicas, montanhas de blocos falhados,  montanhas vulcânicas, escarpas de falha, escarpas de erosão e minimontanhas. Eis as definições  apresentadas pelo autor (op. cit, p. 30 e 31) para essas formas de relevo:
Montanhas de dobramentos: cordilheiras oriundas do dobramento de camadas originalmente depositadas no fundo dos mares. Após os dobramentos, as camadas dobradas são soerguidas a milhares de metros de altura, sulcadas  pelos rios e, às vezes, por geleiras de altiitude ( exemplo: Andes , Alpes, Himalaia).
Montanhas dômicas: são camadas deformadas em forma de abóbadas. Após a ação de demorados processos erosivos, os domos podem dar origem a montanhas semicirculares, com cristas serrilhadas e abruptas para o interior das depressões dômicas e encostas suaves inclinadas para o exterior da antiga abóbada. Nas porções centrais de alguns domos foram descobertas jazidas de petróleo em profundidade.
Montanhas de blocos falhados: porções da crosta terrestre soerguidas em blocos, a diferentes alturas ( exemplo: Mantiqueira, Bocaina).
Montanhas vulcânicas: cones vulcânicos, extintos ou ativos, formados pelo acúmulo de lavas e cinzas em torno de crateras de vulcões.
Minimontanhas: área de pequena altitude relativa, porém com forte grau de acidentação.”

15- Relevos controlados por subsidência: essas morfoestruturas sofrem uma notável influência da tectônica extensional e, também de uma tectônica plástica..  São encontradas nesse grupo as seguintes morfoestruturas:  relevos planos de bacias sinclinais, grabens, fossas intermontanas ou de piemonte.

16- Rifts :  são morfoestruturas de caráter tectônico, relativamente estreitas e com grande extensão. Têm origem a partir de uma tectônica extensional ou por fenômenos de natureza termotectônica.  Um grande rift e´encontrada na África Oriental, mais especificamente na região dos  grandes lagos africanos.

( Texto complementar , para uso em aula, na disciplina Geomorfologia Estrutural, ministrada pelo autor no curso de Graduação em Geografia, Licenciatura, da Universidade Federal de Pernambuco, em 1999 )



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