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sábado, 13 de janeiro de 2018

ATIVIDADE PRÁTICA: COMPARTIMENTAÇÃO DO RELEVO EM ÁREAS DE BACIA SEDIMENTAR



PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENSINO DE GEOGRAFIA

DISCIPLINA- BASES E MÉTODOS DA GEOMORFOLOGIA
PROF. DR. LUCIVÂNIO JATOBÁ             





ATIVIDADE PRÁTICA: COMPARTIMENTAÇÃO DO RELEVO EM ÁREAS DE BACIA SEDIMENTAR


 VITÓRIA DE SANTO ANTÃO-PE
 2018





INTRODUÇÃO

            Este texto didático fundamenta a atividade prática, desenvolvida em Geomorfologia,  relativa à compartimentação do relevo de áreas de bacia sedimentar, ou sinéclise, um dos temas abordados na disciplina Bases e Métodos de Geomorfologia, ministrada no curso de pós- graduação em Ensino de Geografia, da Faintvisa ( Faculdades Integradas da Vitória de Santo Antão). 
Sinéclise é uma estrutura geológica desenvolvida em plataforma continental, com amplitude regional de dezenas de milhares quilômetros  quadrados, que se apresenta sob a forma de ampla bacia com mergulhos muito fracos e convergentes  de pacote, geralmente espesso, de camadas sedimentares, e produzida por lento abaulamento negativo  da crosta ao longo de vários períodos geológicos  (Definição da  CPRM, disponível em <  http://www.unb.br/ig/glossario > )
            Verificam-se nas sinéclises três tipos de estruturas, a saber: estrutura concordante sub-horizontal, estrutura concordante inclinada e estrutura discordante (Figura 1). A estrutura concordante sub-horizontal  aparece, comumente, no centro da sinéclise. A estrutura concordante inclinada  surge nas bordas da sinéclise, bem como a estrutura discordante.   Esses tipos de estruturas  determinam compartimentos de relevo  característicos, revelando, assim, a nítida influência estrutural sobre a morfogênese

Figura 1. Tipos de estruturas em bacias sedimentares

            As camadas rochosas possuem resistência diferenciada, no tocante à composição litológica, a erosão diferencial o que irá ocasionar o surgimento de formas de relevo típicas para cada caso específico de estrutura  geológica.
            A atividade prática refere-se, portanto, às relações entre estruturas das sinéclises e a gênese do relevo terrestre. A meta da  atividade em pauta e´verificar o papel desempenhado pela estrutura geológica na evolução do relevo. Para a realizar essa atividade faz-se necessário um conhecimento básico de Geologia Geral e um  dicionário geológico e geomorfológico.  
1.            FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

  1. 1. Estrutura concordante sub-horizontal
E´constituída por camadas horizontais ou quase horizontais empilhadas umas sobre as outras regularmente. Corresponde, em princípio, à parte central da sinéclise. Essa horizontalidade das camadas sedimentares  não é absoluta; ela pode ser localmente modificada falhamentos, bombeamentos e arqueamentos.
1.2.        Estrutura concordante inclinada
Corresponde a uma zona concêntrica, circundando na bacia sedimentar, a zona central. A inclinação das camadas é provocada por um duplo movimento em sentido contrário de subsidência e soerguimento.
1.3.        Estrutura discordante
A zona de estrutura discordante numa bacia sedimentar coincide com sua borda ou seu contato com os terrenos dos maciços antigos. Denomina-se discordância o contato  correspondente ao plano estratigráfico inferior da série geológica superior, que corta mais ou menos obliquamente o mergulho da série de camadas  inferiores. Esse contato pode ter uma causa tectônica ou pode ser fruto de transgressão marinha sobre uma superfície continental previamente arrasada. A discordância supõe o desenvolvimento de uma superfície de erosão  e uma transgressão marinha em seguida.
1.4.        A participação das condições litológicas
Para que o trabalho da erosão isole nesses três tipos de estruturas geológicas referidos os relevos estruturais ( morfoestruturas), é preciso que a erosão diferencial ocorra. A erosão diferencial é uma modalidade de erosão seletiva, ou seja, age com mais intensidade exatamente nas rochas mais frágeis e preserva a litomassa mais resistente. Numa sinéclise são encontrados diversos tipos de pacotes rochosos sedimentares com dureza e resistência à erosão particulares.   Os três casos específicos dessa participação são:
a)    O centro da bacia para estrutura concordante sub-horizontal
Supõe um material sedimentar homogêneo, no que concerne a seu comportamento face à erosão. Esse material pode ser tenro- argilas, margas, seixos-  ou uniformemente duro, como os calcários e os arenitos.
Se o material é uniformemente tenro, a erosão ataca rapidamente,  ocorre um intenso trabalho de retirada do material rochoso, fazendo desaparecer a superfície primitiva. Se o material é uniformemente duro, a superfície superior, a mais recente, pode ser interpretada como uma superfície estrutural.
b)    O contorno da parte central de uma sinéclise concordante e inclinada
Não existe nenhuma possibilidade de relevo de cuesta numa estrutura concordante inclinada, quando o material sedimentar é homogêneo.
A oposição de dureza das camadas rochosas constitui a condição indispensável para o desenvolvimento das cuestas.
c)    A periferia  de uma bacia sedimentar em estrutura discordante
A elaboração de uma depressão periférica e de uma cuesta, em contato do maciço antigo  com a bacia, supõe diferenças de dureza entre as camadas de base da série sedimentar superposta à a superfície de discordância.
  1. O RELEVO DE CUESTA
De acordo com André Cholley, cuesta é a forma de relevo assimétrica, constituída de um lado por um talude de perfil côncavo, em declive íngreme, e do outro por um planalto suavemente inclinado em sentido inverso, conforme poderá ser visto na Figura 2.

Figura 2- Elementos de uma cuesta


É uma morfoestrutura  que se desenvolve em estrutura concordante inclinada, predominando nas bacias sedimentares e nas plataformas.  Nas bacias sedimentares as cuestas formam arcos de círculo com frente externa. Em áreas de velhas plataformas abauladas, as cuestas  exibem uma frente para o centro ( Figuras 3 e 4).

 Figura 3. Cuestas concêntricas



 Figura4. Cuestas abauladas

As principais feições de  um relevo de cuestas são: reverso, cornija, depressão periférica,  frente e morro-testemunho.  Em cuestas desdobradas podem ser encontradas ainda depressões monoclinais ( Figura 5).
Figura 5. Cuestas monoclinais


As condições necessárias para que haja um relevo cuestiforme são as seguintes: a) existência  de camadas inclinadas, b) alternância de camadas de dureza diferente e c) ataque da região pela erosão diferencial.
A alternância de camadas duras e camadas tenras  numa cuesta explica os seguintes fatos: a forma da frente da cuesta, a existência da cornija e o aspecto do reverso.
O tectonismo influencia o relevo cuestiforme  agindo principalmente sobre a inclinação das camadas rochosas. Quando o mergulho destas é muito fraco, o afundamento do talvegue se faz quase perpendicularmente                                                          aos planos estratigráficos. No entanto, quando o mergulho é muito forte, o desenvolvimento da depressão periférica  é muito reduzido. O ataque da frente da cuesta se faz com grande dificuldade.
3- ENCAMINHAMENTO DA TAREFA
a)    Forme um grupo com até quatro componentes.
b)    Leia atentamente este texto de fundamentação teórico e/ou consulte referências bibliográficas outras sugeridas pelo professor.
c)    Discuta as seguintes questões e solicite ao redator que sintetize as abordagens feitas pelos membros do grupo, para depois apresentar a síntese para os demais colegas da turma.
Questões:
1.    Faça uma ilustração gráfica didática de uma hipotética sinéclise.
2.    Quais são as principais sinéclises do Brasil?  Que idade possuem?
3.    Em que se diferenciam cuestas e chapadas?
4.    A “serra da Ibiapaba”, fronteira Piauí-Ceará se enquadra em que tipo de relevo tabular?
5.    Explique de que maneira a inclinação das camadas verificadas na periferia  de uma sinéclise pode influenciar o desenvolvimento da depressão periférica.


Bibliografia Complementar

AB’SÁBER, A. N. Formas de relevo. São Paulo: Edart, 1975.

CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. São Paulo: Edgard Blucher, 1974.

JATOBÁ, L.. Os Fatores Tectônicos e a Formação do Relevo Terrestre. Boletim Recifense de Geografia, Recife, v. 5, n.--, p. ----------, 1981.

JATOBÁ, L.; CASTRO, C. Litosfera. Minerais, Rochas e Relevo. 1. ed. Recife: Editora Universitária, UFPE, 2004. v. 01. 109p .

JATOBÁ, L.; LINS, R. C. . Introdução à Geomorfologia. 3ª. ed. Recife: Edições Bagaço, 2001. v. 1. 159p .

JATOBÁ, L.; LINS, R. C. ; SILVA, Alineaurea Florentino . Tópicos Especiais de Geografia Física - 2ªedição ampliada. 2ª. ed. Petrolina: Progresso, 2014. v. 01. 166p .

LOBECK, A.K. Geomorphology.  An Introduction to the  Study of Landscapes. London: McGraw-Hill, 1939.

SUGUIO, K. Rochas Sedimentares. Propriedades, Gênese e Importância Econômica. São Paulo: Edgard Blucher, 1980.



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