PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO
EM ENSINO DE GEOGRAFIA
DISCIPLINA- BASES E MÉTODOS
DA GEOMORFOLOGIA
PROF. DR. LUCIVÂNIO
JATOBÁ
ATIVIDADE PRÁTICA: COMPARTIMENTAÇÃO DO RELEVO EM ÁREAS DE BACIA
SEDIMENTAR
VITÓRIA DE SANTO ANTÃO-PE
2018
INTRODUÇÃO
Este texto didático fundamenta a
atividade prática, desenvolvida em Geomorfologia, relativa à compartimentação do relevo de áreas
de bacia sedimentar, ou sinéclise, um dos temas abordados na disciplina Bases e
Métodos de Geomorfologia, ministrada no curso de pós- graduação em Ensino de
Geografia, da Faintvisa ( Faculdades Integradas da Vitória de Santo Antão).
Sinéclise é uma estrutura geológica
desenvolvida em plataforma continental, com amplitude regional de dezenas de
milhares quilômetros quadrados, que se
apresenta sob a forma de ampla bacia com mergulhos muito fracos e
convergentes de pacote, geralmente
espesso, de camadas sedimentares, e produzida por lento abaulamento
negativo da crosta ao longo de vários
períodos geológicos (Definição da CPRM, disponível em < http://www.unb.br/ig/glossario
> )
Verificam-se
nas sinéclises três tipos de estruturas, a saber: estrutura concordante
sub-horizontal, estrutura concordante inclinada e estrutura discordante (Figura
1). A estrutura concordante sub-horizontal
aparece, comumente, no centro da sinéclise. A estrutura concordante
inclinada surge nas bordas da sinéclise,
bem como a estrutura discordante. Esses
tipos de estruturas determinam
compartimentos de relevo característicos,
revelando, assim, a nítida influência estrutural sobre a morfogênese
Figura 1. Tipos de estruturas em bacias sedimentares
As camadas rochosas possuem
resistência diferenciada, no tocante à composição litológica, a erosão
diferencial o que irá ocasionar o surgimento de formas de relevo típicas para
cada caso específico de estrutura geológica.
A atividade prática refere-se,
portanto, às relações entre estruturas das sinéclises e a gênese do relevo
terrestre. A meta da atividade em pauta
e´verificar o papel desempenhado pela estrutura geológica na evolução do
relevo. Para a realizar essa atividade faz-se necessário um conhecimento básico
de Geologia Geral e um dicionário
geológico e geomorfológico.
1.
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
- 1. Estrutura concordante sub-horizontal
E´constituída por camadas horizontais ou
quase horizontais empilhadas umas sobre as outras regularmente. Corresponde, em
princípio, à parte central da sinéclise. Essa horizontalidade das camadas
sedimentares não é absoluta; ela pode
ser localmente modificada falhamentos, bombeamentos e arqueamentos.
1.2.
Estrutura concordante inclinada
Corresponde
a uma zona concêntrica, circundando na bacia sedimentar, a zona central. A
inclinação das camadas é provocada por um duplo movimento em sentido contrário
de subsidência e soerguimento.
1.3.
Estrutura discordante
A zona de estrutura discordante numa
bacia sedimentar coincide com sua borda ou seu contato com os terrenos dos
maciços antigos. Denomina-se discordância o contato correspondente ao plano estratigráfico
inferior da série geológica superior, que corta mais ou menos obliquamente o
mergulho da série de camadas inferiores.
Esse contato pode ter uma causa tectônica ou pode ser fruto de transgressão
marinha sobre uma superfície continental previamente arrasada. A discordância
supõe o desenvolvimento de uma superfície de erosão e uma transgressão marinha em seguida.
1.4.
A participação das condições litológicas
Para que o trabalho da erosão isole
nesses três tipos de estruturas geológicas referidos os relevos estruturais (
morfoestruturas), é preciso que a erosão diferencial ocorra. A erosão
diferencial é uma modalidade de erosão seletiva, ou seja, age com mais
intensidade exatamente nas rochas mais frágeis e preserva a litomassa mais
resistente. Numa sinéclise são encontrados diversos tipos de pacotes rochosos
sedimentares com dureza e resistência à erosão particulares. Os três casos específicos dessa participação
são:
a) O centro da bacia para estrutura
concordante sub-horizontal
Supõe um material sedimentar homogêneo,
no que concerne a seu comportamento face à erosão. Esse material pode ser
tenro- argilas, margas, seixos- ou
uniformemente duro, como os calcários e os arenitos.
Se o material é uniformemente tenro, a
erosão ataca rapidamente, ocorre um
intenso trabalho de retirada do material rochoso, fazendo desaparecer a
superfície primitiva. Se o material é uniformemente duro, a superfície
superior, a mais recente, pode ser interpretada como uma superfície estrutural.
b) O contorno da parte central de uma
sinéclise concordante e inclinada
Não existe nenhuma possibilidade de
relevo de cuesta numa estrutura concordante inclinada, quando o material
sedimentar é homogêneo.
A oposição de dureza das camadas
rochosas constitui a condição indispensável para o desenvolvimento das cuestas.
c) A periferia de uma bacia sedimentar em estrutura
discordante
A elaboração de uma depressão periférica
e de uma cuesta, em contato do maciço antigo
com a bacia, supõe diferenças de dureza entre as camadas de base da
série sedimentar superposta à a superfície de discordância.
- O
RELEVO DE CUESTA
De
acordo com André Cholley, cuesta é a forma de relevo assimétrica, constituída
de um lado por um talude de perfil côncavo, em declive íngreme, e do outro por
um planalto suavemente inclinado em sentido inverso, conforme poderá ser visto
na Figura 2.
Figura
2- Elementos de uma cuesta
É uma morfoestrutura que se desenvolve em estrutura concordante
inclinada, predominando nas bacias sedimentares e nas plataformas. Nas bacias sedimentares as cuestas formam
arcos de círculo com frente externa. Em áreas de velhas plataformas abauladas,
as cuestas exibem uma frente para o
centro ( Figuras 3 e 4).
Figura 3. Cuestas concêntricas
Figura4. Cuestas abauladas
As principais feições de um relevo de cuestas são: reverso,
cornija, depressão periférica, frente e
morro-testemunho. Em cuestas
desdobradas podem ser encontradas ainda depressões monoclinais ( Figura 5).
Figura 5. Cuestas monoclinais
As condições necessárias para que haja
um relevo cuestiforme são as seguintes: a) existência de camadas inclinadas, b) alternância de
camadas de dureza diferente e c) ataque da região pela erosão diferencial.
A alternância de camadas duras e camadas
tenras numa cuesta explica os seguintes
fatos: a forma da frente da cuesta, a existência da cornija e o aspecto do
reverso.
O tectonismo influencia o relevo
cuestiforme agindo principalmente sobre
a inclinação das camadas rochosas. Quando o mergulho destas é muito fraco, o
afundamento do talvegue se faz quase perpendicularmente
aos planos estratigráficos. No entanto, quando o mergulho é muito forte,
o desenvolvimento da depressão periférica
é muito reduzido. O ataque da frente da cuesta se faz com grande dificuldade.
3- ENCAMINHAMENTO
DA TAREFA
a) Forme um grupo com até quatro
componentes.
b) Leia atentamente este texto de
fundamentação teórico e/ou consulte referências bibliográficas outras sugeridas
pelo professor.
c) Discuta as seguintes questões e solicite
ao redator que sintetize as abordagens feitas pelos membros do grupo, para
depois apresentar a síntese para os demais colegas da turma.
Questões:
1. Faça uma ilustração gráfica didática de uma hipotética sinéclise.
2. Quais são as principais sinéclises do
Brasil? Que idade possuem?
3. Em que se diferenciam cuestas e
chapadas?
4. A “serra da Ibiapaba”, fronteira
Piauí-Ceará se enquadra em que tipo de relevo tabular?
5. Explique de que maneira a inclinação das
camadas verificadas na periferia de uma
sinéclise pode influenciar o desenvolvimento da depressão periférica.
Bibliografia Complementar
AB’SÁBER,
A. N. Formas de relevo. São Paulo:
Edart, 1975.
CHRISTOFOLETTI,
A. Geomorfologia. São Paulo: Edgard
Blucher, 1974.
JATOBÁ, L.. Os Fatores Tectônicos e a Formação do Relevo
Terrestre. Boletim Recifense de
Geografia, Recife, v. 5, n.--, p. ----------, 1981.
JATOBÁ, L.; CASTRO,
C. Litosfera. Minerais, Rochas e Relevo.
1. ed. Recife: Editora Universitária, UFPE, 2004. v. 01. 109p .
JATOBÁ, L.; LINS, R. C. . Introdução à Geomorfologia. 3ª. ed. Recife: Edições Bagaço, 2001.
v. 1. 159p .
JATOBÁ, L.; LINS,
R. C. ; SILVA, Alineaurea Florentino . Tópicos
Especiais de Geografia Física - 2ªedição ampliada. 2ª. ed. Petrolina:
Progresso, 2014. v. 01. 166p .
LOBECK,
A.K. Geomorphology. An Introduction to
the Study of Landscapes. London:
McGraw-Hill, 1939.
SUGUIO, K. Rochas Sedimentares.
Propriedades, Gênese e Importância Econômica. São Paulo: Edgard Blucher,
1980.
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